DIA DO FEIRANTE – Feirantes compartilham histórias de dedicação e persistência

Tereza Braga foi uma das primeiras feirantes e chegar no Mercado São Francisco, estando no local há mais de 30 anos

Sem dúvida alguma, as feiras são um verdadeiro antro gastronômico, social, econômico e, principalmente cultural. Além da incrível variedade de frutas, verduras e demais alimentos fresquinhos, por lá é possível sim conhecer um pouco mais da história de determinada cidade e região, como também encontrar pessoas que trazem na bagagem relatos curiosos e emocionantes.

Neste dia 25 de agosto, esses personagens são lembrados nessa data em que é celebrado em todo o país o Dia do Feirante. Em Boa Vista, no ano de 1967, o Mercado Municipal São Francisco foi um dos primeiros locais a funcionar, de fato, como feira, passando a receber esses profissionais.

HISTÓRIAS – Tereza Braga foi uma das primeiras feirantes e chegar no Mercado São Francisco, estando no local há mais de 30 anos. Ela conta que, na época, começou no ramo junto ao ex-marido e os filhos e, após se separar, tocou o negócio sozinha, com a ajuda dos filhos.

“Foi um período muito difícil! Levantava todos os dias às 5h da manhã e vinha pra cá de ônibus”, disse.

A feirante, que ocupa o Box 18, trabalha, desde o início, com a comercialização de frutas e verduras. Ela revela as dificuldades enfrentadas durante a pandemia.

“No início ficamos bem desesperados e vimos no delivery uma opção. Tanto que, até hoje, funcionamos fazendo entregas, o que tem ajudado e muito nesse período”, falou.

Tereza também revela o orgulho em ser feirante e destaca a maior conquista. “A feira pra mim é tudo. Daqui que tiro o sustento da casa. Porém, mais do que isso, a feira me proporcionou grandes amigos, que considero como minha família”.

Mas para quem pensa que feira é só sinônimo de alimento, está muito enganado. A artesã Sula Martins, do Box 22, está há sete anos no mercado comercializando, estritamente, produtos artesanais. Ela conta que fazer parte do Mercado São Francisco é a sua grande conquista.

“Vir pra cá foi uma verdadeira realização, pois estamos em um dos principais cartões postais da cidade. Além disso, estar aqui tem um grande significado de recomeço e superação, pois minha vinda coincidiu com a morte da minha mãe. Trabalho desde pequena com artesanato e viver do meu trabalho é uma conquista”, contou.

A artesã Sula Martins, do Box 22, está há sete anos no mercado comercializando, estritamente, produtos artesanais

“ROLÊ FEIRA” – A servidora pública Sâmia Araújo não abre mão de ir à feira e considera o passeio como um ritual. Após fazer as compras, é “de lei” aquele cafezinho regional no Mercado São Francisco. Ela contou que, além da possibilidade de encontrar uma grande variedade de alimentos fresquinhos, frequentar a feira remete à infância.

“Desde pequena eu costumo frequentar feiras. Quando criança, tinha uma feira de bairro que ficava bem próximo da minha casa e o ambiente acaba me trazendo memórias afetivas”.

Ela disse ainda o porquê preferir a feira, ao invés dos supermercados. “Eu procuro comprar frutas, legumes e verduras preferencialmente nas feiras do que nos supermercados porque, em geral, os produtos são mais frescos e acaba tendo uma maior variedade também, além da possibilidade de conseguir comprar produtos orgânicos e ajudar pequenos produtores”, explicou.

FEIRAS MUNICIPAIS – Além do Mercado São Francisco, a Prefeitura de Boa Vista é responsável por duas outras feiras, a do Pintolândia, localizada na avenida Aldemar Bantim, que acontece somente aos sábados e a do Garimpeiro, que funciona aos domingos, na avenida Ataíde Teive, em um trecho que compreende a avenida São Sebastião até a avenida Nossa Senhora de Nazaré, entre os bairros Tancredo Neves e Asa Branca.

Em razão da pandemia de covid-19, as feiras continuam cumprindo as medidas de segurança do decreto municipal 97/E, e operam com 50 % dos feirantes, em sistema de revezamento semanal.

O Mercado Municipal São Francisco foi um dos primeiros locais a funcionar, de fato, como feira, passando a receber esses profissionais

HISTÓRIA – Esta data é uma homenagem à primeira feira livre que ocorreu no país, em 25 de agosto de 1914. Tal evento aconteceu no Largo General Osório, no bairro Santa Efigênia, em São Paulo. Algum tempo depois, o prefeito da capital paulista, Washington Luís, oficializou as feiras e mercados livres com o ato nº 625, em 28 de maio de 1934. Atualmente, a Lei nº 492, de 1984, rege os direitos e deveres das feiras livres em todo o território nacional.