Servidores cobram do Governo dívida dos Jogos Escolares de 2018

Valores das diárias para esses funcionários, que atuaram em etapas municipais da competição, variavam de R$ 60 a R$ 3.625

Servidores públicos que trabalharam nos Jogos Escolares de 2018 denunciaram que ainda não receberam as diárias prometidas na época pelo Governo de Roraima, e criticaram a decisão governamental de priorizar o pagamento de dívidas com os árbitros da competição daquele ano.

Ex-coordenadora de alimentação do evento, a cozinheira Ana Cláudia Pereira Coelho, apesar de criticar a prioridade no pagamento dos árbitros, reconheceu o trabalho da arbitragem, mas exige o reconhecimento da dívida com quem ainda não recebeu: 35 servidores, entre cozinheiros e outros auxiliares de apoio, na época lotados no Instituto do Desporto de Roraima (IDR), que constam em uma lista guardada por ela.

Os valores das diárias para esses funcionários, que atuaram em etapas como Uiramutã, Rorainópolis, Caracaraí, Bonfim, Alto Alegre, Bonfim e Boa Vista, variavam de R$ 60 a R$ 3.625, dependendo dos dias trabalhados. “É pouco? É. Mas o nosso dinheiro, o nosso suor”, disse Ana Cláudia.

Segundo a lista, só para Ana Cláudia o Governo estaria devendo a soma de R$ 2.580, correspondente a oito diárias. Ela cobra a dívida desde 2019, quando protocolou um ofício na Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) em que pediu o reconhecimento do débito.

“A gente acordava 4h da manhã pra dar conta de café da manhã, almoço e janta”, pontuou a ex-coordenadora. “Passamos da nossa carga horária, porque a gente trabalhava até 22h, 23h pra dar conta de servir, lavar louça, fazer coisas de cozinha. É uma logística. Nunca recebemos”.

Com Javilmar Monteiro, cozinheiro estadual desde 2004, o Governo teria que pagar R$ 2.040 por quatro diárias. “A dívida não é da gestão anterior, a dívida é do Estado”, declarou. “Passamos um mês viajando por vários municípios. Acordávamos 4h da manhã e chegávamos a dormir meia-noite, porque a gente ficava responsável por almoço, janta e merenda para quase 1.500 atletas”, lembrou.

Teve também quem cobrou a dívida na Justiça de Roraima. A cozinheira Marta Emilia Matos de Mendonça, servidora estadual há 17 anos, que exige o pagamento de R$ 2.940 referentes a quatro diárias. Ela também criticou a decisão do Governo de pagar apenas os árbitros.

“Fui muitas vezes lá [na Seed] antes de entrar na Justiça. Nós cozinheiros levantávamos 4h da manhã e só parávamos umas 22h. Trabalhamos demais”, disse.

Procurado, o Governo, por meio da Seed, ainda não comentou o assunto até a publicação da reportagem.

Informações: Folha de Boa Vista