Paciente de Boa Vista vence depressão com apoio de agente de saúde

Ivanilsa e Thais celebram a recuperação de Francisco, cujo caso de depressão foi detectado e imediatamente tratado através da Estratégia Saúde da Família - ESF (fotos: Jackson Souza)
Ivanilsa e Thais celebram a recuperação de Francisco, cujo caso de depressão foi detectado e imediatamente tratado através da Estratégia Saúde da Família – ESF (fotos: Jackson Souza/PMBV)

A Prefeitura de Boa Vista tem investido no fortalecimento do vinculo entre unidades básicas de saúde e a comunidade, através do trabalho das equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF). Todos os dias, centenas de pessoas buscam nas UBS o acolhimento, diagnóstico, tratamento e a reabilitação de agravos.

As equipes ESF da prefeitura fazem o acompanhamento de saúde das famílias por meio de visitas domiciliares. E foi justamente numa dessas visitas de rotina, há cinco anos, que a agente comunitária de saúde Thaís Costa identificou um caso de depressão profunda na casa em que fazia o acompanhamento, propriedade de Maria Lenice, mãe de Francisco Gomes.

“Dona Maria estava debilitada e eu fazia o acompanhamento dela, pois tinha Parkinson e era hipertensa. Então teve o momento de eu chegar lá e encontrar o Francisco, filho dela, que tinha sido levado para morar lá. Eles comentaram que ele estava isolado num quartinho nos fundos e no comia, não socializava e isso me preocupou”, conta Thais.

Thais tentou conversar diversas vezes com Francisco durante as visitas, mas ele não reagia, não respondia. Através da identificação do caso, a equipe da unidade do bairro Liberdade iniciou o processo de acolhimento dele e uma jornada para restabelecer sua saúde mental.

“Ele estava isolado num quarto nos fundos da casa da mãe, ficou afásico, não falava mais. Saía às vezes para comer e voltava para a rede. Não se ‘banhava’ mais, não escovava os dentes”, destaca a gerente da equipe ESF, Ivanilsa Alves.

Segundo Ivanilsa, os profissionais também estabeleceram uma linha de orientação e educação em saúde para a família, para que compreendessem a doença. “Sentimos uma resistência da família na condução do cuidado e ao longo desses anos, vimos a necessidade de fazer uma educação em saúde para a família sobre o que é a depressão e o que o Francisco estava precisando para sair daquele quadro”, destaca.

Francisco foi atendido pelo psiquiatra do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II) da prefeitura e diagnosticado com depressão e síndrome do pânico. O Núcleo de Apoio à saúde da Família (NASF) também deu suporte através do atendimento com assistente social e psicóloga.

Depois de anos de luta, Francisco, 50, vive um novo momento e fala sobre realizar sonhos. Ele continua o acompanhamento psicológico no CAPS II e já voltou ao convívio social.

“Por mim eu não levantaria. Continuaria ali ou então dali para outro passo mais profundo. Podia ser uma tragédia. Só posso dizer que vai ser só alegria, porque eu quero muito viver agora. A recuperação veio através da Thais, que vinha atender minha mãe”, lembra.

Dados alarmantes – Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em todo o mundo, estima-se que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofram com a depressão. Para Thais, um olhar diferenciado de um profissional de saúde pode salvar vidas.

“Um olhar que eu venho dentro do meu processo de vida me colocando sempre no lugar do outro, acho que isso é importante. Porque se eu me coloquei no lugar dele e imaginava que alguém pudesse olhar para mim e me colocar de volta na sociedade, então eu transferi isso para a situação dele. Hoje a gente já andou de bicicleta, já conversamos sobre outras coisas. Hoje eu vejo ele já vivo, como alguém que tem sonhos, que partilha”, conta Thaís, emocionada.

Informações: Comunicação/ Prefeitura de Boa Vista