O servidor público Jamesom Barbosa Elias, de 44 anos, aguarda há semanas por procedimento cirúrgico no Hospital Geral de Roraima (HGR), conforme informou a prima dele, a estudante Valcimeris Barbosa Almeida, de 22 anos.
Segundo ela, ainda não há previsão de quando ele seja submetido ao procedimento cirúrgico. A estudante disse que os profissionais da unidade informaram aos familiares de Elias que o hospital está desabastecido e, por esse motivo, as cirurgias foram suspensas, e só retornam quando houver materiais.
Elias deu entrada no HGR no dia 24 de janeiro com pelo menos quatro fraturas em uma das pernas após se envolver em acidente de trânsito quando voltava do trabalho para casa. Valcimeris destacou que a falta de medicamentos fez com que os familiares comprassem com recursos próprios.
“Já era para ter sido feita [a cirurgia] assim que ele deu entrada no HGR. Nessa semana ele foi encaminhado para um bloco com mais riscos ainda de pegar infeção. É uma falta de respeito com a população roraimense. Não é só ele que está nessa situação”, declarou a estudante.
Por conta da demora na realização do procedimento cirúrgico, familiares pretendem transferir o servidor público para um hospital particular, no entanto, a cirurgia na rede privada custa R$ 10 mil. Valcimeris contou que uma moto foi vendida para ajudar a pagar, caso não consigam a cirurgia no HGR.
Segundo ela, o sentimento é de Indignação. “Vivemos num estado onde os políticos vivem tirando dinheiro da Saúde para seus bolsos. Não só da Saúde, mas de tudo. Dói mais ainda quando é com alguém próximo da gente. A Saúde está um caos, e nós não sabemos a quem recorrer, a não ser a nós mesmo”, desabafou.
A prima de Elias alegou que procuraram a Ouvidoria do HGR para reclamar, mas não surtiu nenhum efeito. “Falo não só pelo meu primo, mas por todos que estão ali esperando uma cirurgia há meses. É um sentimento ruim e triste com essa realidade vivida por nós roraimense”, concluiu.
Outro lado – A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que entre as prioridades da atual gestão está garantir o abastecimento de medicamentos e materiais médico-hospitalares nas Unidades de Saúde do Estado. Mas para isso é preciso vencer uma dificuldade que está emperrando o andamento dos contratos, que é o histórico de calote com os fornecedores.
“Somada a isso, está a dificuldade em se fazer uma previsão do que é necessário comprar para garantir esse abastecimento. Fatores como a ausência de informações que possam indicar, com base em dados confiáveis, a real necessidade e o que efetivamente foi utilizado nos últimos anos. O histórico de compras não pode servir como parâmetro, porque não se comprava quase nada e não há elementos claros para isso, sendo necessário começar do zero”, apontou.
Conforme a pasta, alguns itens essenciais não havia nenhum contrato de aquisição em andamento, nem ata de registro de preços, que tornaria as compras mais rápidas, mesmo quando ocorre contingenciamento de recursos, pois viabiliza as aquisições mais urgentes.
“Por isso foi necessário reiniciar todos os contratos de aquisição anual de itens. Ressalta ainda que o desafio da Sesau é garantir o abastecimento das unidades de saúde, controlar adequadamente o estoque, planejar as compras e comprar com qualidade, agilidade, com os melhores preços, garantindo a possibilidade de comprar mais itens, e pagar em dia, para assim ganhar credibilidade junto aos fornecedores”, justificou.
Os processos anuais de aquisição desses itens já estão em andamento e a previsão é que a partir do mês de março, o abastecimento das Unidades comece a ser garantido com base nesses contratos, informou a Sesau.
“Enquanto isso existem processos emergenciais de compra de materiais e medicamentos para abastecer as Unidades de Saúde nesse período inicial. A expectativa é que entre os dias 12 e 25 de fevereiro a Sesau receba a grande maioria dos itens essenciais para garantir o funcionamento das unidades de saúde até que a compra anual seja finalizada”, finalizou.
Informações: Roraima em Tempo