Descoberta de petróleo em área reivindicada pela Venezuela na Guiana aumenta tensão entre países

A Venezuela reclama o equivalente a dois terços do território da Guiana, incluindo a área marítima onde o petróleo foi encontrado a 200 km da costa (Foto: Avener Prado)
A Venezuela reclama o equivalente a dois terços do território da Guiana, incluindo a área marítima onde o petróleo foi encontrado a 200 km da costa (Foto: Avener Prado)

Um dos países mais pobres do hemisfério ocidental, a Guiana entrará, a partir de 2020, no seleto grupo de exportadores de petróleo. Apesar da boa notícia, a descoberta de milhões de barris desse tipo produto provocou o acirramento da antiga disputa territorial com a Venezuela.

De acordo com projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), a Guiana será um dos países do mundo que mais crescerá nos próximos três anos. Para 2020, o crescimento será de 29,8%, e de 22,1% em 2021.

Para 2025, é esperado que o país tenha uma produção de 750 barris por dia, segundo uma estimativa da ExxonMobil. Atualmente, a Guiana possui 782 mil habitantes, sendo que 335 mil moram na capital Georgetown, uma cidade que deverá passar por transformações profundas.

Ao mesmo tempo em que o iminente fluxo de recursos tem causado expectativa, o crescimento econômico da Guiana também causa apreensão. Hoje, o principal produto de exportação do país, o segundo menor em PIB da América do Sul, é o ouro, cuja extração é feita de forma precária.

Por outro lado, a Venezuela reclama o equivalente a dois terços do território da Guiana, incluindo a área marítima onde o petróleo foi encontrado a 200 km da costa. A disputa entre os dois países se intensificou em 2015, após o governo Nicolás Maduro descobrir novas reservadas do produto.

No ano passado, o caso chegou a Corte Internacional de Justiça, em Haia. No dia 23 de dezembro, um dia após a aprovação do voto de não confiança do Parlamento, um helicóptero venezuelano tentou aterrissar em um petroleiro norueguês contratado pela ExxonMobil.

Países que fazem parte do Grupo de Lima, do qual fazem parte o Brasil e a própria Guiana, demonstraram “profunda preocupação” com o regime venezuelano, em razão das medidas impopulares que vem sendo tomadas nos últimos anos. O grupo não reconhece a legitimidade do novo mandato de Maduro.

Outro desafio que a Guiana terá daqui para frente é conseguir mão de obra e investidores para por em prática o seu projeto de desenvolvimento econômico. O faturamento com a produção de petróleo deve chegar a US$ 20 bilhões (R$ 75 bilhões) por ano, segundo o Governo.

Informações: Folha de São Paulo