A gente desmata aqui e aumenta a chuva aí. Blz?

Ah, a ironia da política brasileira nunca deixa de nos surpreender, não é mesmo? Recentemente, o governador de Roraima, Antonio Denarium, decidiu pegar o telefone e fazer uma ligação cheia de solidariedade ao colega Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, que está lidando com chuvas catastróficas. Um gesto bonito, se não fosse por um pequeno detalhe incômodo: Denarium é um dos entusiastas do desmatamento em Roraima, o que, por uma incrível coincidência, contribui para essas mesmas catástrofes climáticas no Sul.

Vamos desenhar para ficar mais claro: enquanto Roraima segue a filosofia de “terra arrasada” sob a batuta de Denarium, com árvores caindo mais rápido que a popularidade de político em escândalo de corrupção, o Rio Grande do Sul enfrenta enchentes que parecem bíblicas. E o que nosso querido governador do Norte faz? Oferece um ombro amigo e solidário ao Sul. Oportunismo? Imagina, que isso, gente!

É como se Denarium dissesse: “Ei, Eduardo, desculpa aí pelas chuvas. A gente aqui em cima derruba umas árvores, e aí, não sei como, chove sem parar aí no teu quintal. Mas estamos juntos, viu? Qualquer coisa, me liga!”.

O sarcasmo da situação é quase palpável. Um governador que promove políticas que efetivamente ajudam a desestabilizar o clima oferece condolências por problemas climáticos. É o mesmo que um piromaníaco oferecer um extintor de incêndio depois de atear fogo no local. A gentileza e a solidariedade são sempre bem-vindas, mas quando vêm acompanhadas de uma dose cavalar de hipocrisia, fica difícil não levantar uma sobrancelha.

Então, fica a reflexão: até quando a solidariedade entre nossos líderes será apenas uma cortina de fumaça para esconder as verdadeiras causas dos nossos problemas? Talvez, da próxima vez que Denarium quiser ser solidário, ele possa começar por rever suas próprias políticas. Afinal, prevenir é sempre melhor que remediar – especialmente quando você é parte do problema.

Eduardo, fica a dica: da próxima vez que chover canivetes no Rio Grande do Sul, talvez seja bom conferir não só as previsões meteorológicas, mas também as suas políticas ambientais e dos seus colegas governadores. Afinal, em política, assim como na natureza, tudo está conectado.