Agricultor tem nome incluído na certidão dos cinco filhos em mutirão da Defensoria Pública

Agricultor tem nome incluído na certidão dos cinco filhos em mutirão da Defensoria Pública
Sede da Defensoria Pública de Roraima – Foto: Ascom DPE-RR

O Agricultor João Pereira de Souza, de 37 anos, agora pode ver seu nome finalmente registrado na certidão de nascimento dos seus cinco filhos, graças à campanha Meu Pai Tem nome, da Defensoria Pública do Estado de Roraima (DPE-RR).

O Dia ‘D’ da iniciativa foi realizado no último sábado (19) e contou com um total de 698 pessoas atendidas em uma comunidade do Cantá.

Dessa forma, a falta de documentos oficiais impossibilitava o agricultor de registrar legalmente seus filhos. O que o afastava do direito de ser reconhecido como pai. Uma batalha interna entre o amor e a responsabilidade legal o acompanhava diariamente. A situação começou a mudar quando ele tomou conhecimento da ação da DPE-RR pelo pastor da igreja que frequenta.

Agora, de fato e, principalmente, de direito, o agricultor pode se declarar pai de Jucilene, de 12 anos, Liza Maria, de 7 anos, Tissa Luna, de 4 anos, Tamara Débora, de apenas 2 anos, e do caçula Abraão Lucas, de 10 meses.

“Todos eram registrados no nome da mãe deles. E eu sentia culpa por não poder acompanhar eles como pai nas escolas, no posto de saúde. Essa ação é uma alegria para mim e para minha esposa também”, comemorou o agricultor.

A Iniciativa

A iniciativa da DPE-RR está alinhada à iniciativa nacional promovida pelo Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos-Gerais (Condege), em parceria com as Defensorias Públicas estaduais de todo o país, presidido pelo defensor-Geral de Roraima, Oleno Matos.

A campanha busca assegurar um direito fundamental, muitas vezes negligenciado: o direito ao reconhecimento de paternidade. Acima de tudo, o “Meu Pai Tem Nome” realiza mutirão para agiliza o processo de reconhecimento. Ele garante que todos tenha a oportunidade de oficializar essa conexão.

O defensor público-geral, Oleno Matos, pontuou que a ação realizada pela DPE-RR reconstrói laços familiares. Ele explica que durante o mutirão, audiências extrajudiciais de mediação e conciliação foram conduzidas, possibilitando o reconhecimento voluntário da paternidade. Maiores de 18 anos também tiveram a oportunidade de fazer a solicitação para ter o nome do pai no registro de nascimento.

“O engajamento da comunidade, servidores e parceiros resultaram em um evento que trouxe o reconhecimento de paternidade a muitas pessoas, celebrando laços familiares, consolidando nosso compromisso com a cidadania. Deixo aqui nosso agradecimento a todos que tornaram esse dia possível. O reconhecimento de paternidade é um direito constitucional,” disse Oleno Matos.

Além disso, em Roraima, o projeto “Meu Pai Tem Nome” é coordenado pela Câmara de Conciliação e Mediação, Centro de Apoio Operacional Cível e pela Chefia da Capital da DPE, sob a responsabilidade das defensoras Elceni Diogo, Christianne Leite e o defensor Rogenilton Ferreira, respectivamente.  Mais de 80 servidores foram mobilizados para o Dia D.

Dados

De acordo com a DPE, em Roraima, nos últimos sete anos, cerca de 10% das crianças nascidas não tiveram o nome dos seus pais registrados. Apenas em 2023, há o registro de mais de mil crianças apenas com o nome da mãe na certidão de nascimento. Os dados são da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen).

Segundo a coordenadora da campanha em Roraima, defensora Elceni Diogo, o Meu Pai Tem Nome é especialmente importante para o Estado, que está na dianteira da estatística de pessoas registradas com pais ausentes. “Roraima tem quase o dobro de pessoas registradas com pais ausentes em relação ao restante do país. Esse momento é importante para que a história da pessoa esteja refletida no seu documento e também para fechar essa ausência de pai. Logo, é essencial que a pessoa cumpra seu dever de pai, e que esse reconhecimento seja efetivo, e não apenas no papel”, concluiu.

Mutirão realizou 17 exames de DNA

Do mesmo modo, a ação, foi possível realizar reconhecimento voluntário de pais biológicos ou socioafetivos, se a mãe e pai comparecessem juntos, com documentos em mãos. Contudo, há casos em que a investigação da paternidade é fundamental. Para isso, foi montada uma estrutura de laboratório para coleta de amostras e realização de exames de DNA, tudo de maneira gratuita.

Por fim, as coletas de sangue, ocorrem pelo Hemocentro do Governo de Roraima. E os exames de DNA são do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR). Em contrapartida, dezessete exames foram coletadas neste sábado. Os resultados sairão em aproximadamente 45 dias, e após isso, as partes envolvidas devem comparecer na Câmara de Conciliação e Mediação da DPE para dar continuidade ao processo.

Fonte: Da Redação