
Conhecido como Conclave, a eleição de um novo Papa é um dos momentos mais aguardados e solenes da Igreja Católica. Afinal, representa tradição, espiritualidade e impacto global. Esse processo é um termo que vem do latim cum clave, que significa “com chave”. A expressão remete ao isolamento dos cardeais eleitores, que ficam literalmente trancados até que cheguem a um consenso sobre quem será o próximo pontífice.
Embora o primeiro conclave tenha ocorrido em 1061, com a eleição do Papa Alexandre II, foi apenas em 1274 que o processo ganhou regulamentação formal. A demora de quase três anos para a escolha de Gregório X, entre 1268 e 1271, fez com que se criassem normas mais rígidas.
O próprio Gregório X, eleito após esse impasse, definiu no Concílio de Lyon que os cardeais deveriam ficar em reclusão, com alimentação racionada e sem comunicação com o mundo externo, até que chegassem a uma decisão. A intenção era justamente evitar longos períodos de sede vacante, isto é, a ausência de um papa no comando da Igreja.
Como funciona o conclave?
Desde então, houveram 111 conclaves ao longo da história, cada um deles refletindo não apenas o momento religioso, mas também o contexto social e político da época. No passado, reis e imperadores influenciaram diretamente na escolha do Papa. Entretanto, esse tipo de interferência deixou de existir até chegar a forma atual, em que apenas os cardeais com menos de 80 anos podem votar. Além disso, dos 252 cardeais atuais, apenas 135 estão aptos a votar no próximo Conclave, que elegerá o sucessor do Papa Francisco.
Desde sua criação, o Conclave é acontece na Capela Sistina, no Vaticano, mantendo uma atmosfera de silêncio, oração e reflexão. As votações acontecem em sessões matutinas e vespertinas, sendo duas em cada turno, onde pelo menos uma maioria de dois terços é necessária para a escolha de um novo Papa. Logo após a votação, as cédulas são queimadas. A fumaça que sai da chaminé indica a decisão: Sendo assim, preta, se não houver consenso; branca, quando um novo Papa é eleito.
Espiritualidade e simbolismo
O professor Mário Marcondes, de Filosofia da Plataforma Professor Ferretto, destaca a profundidade simbólica do Conclave: “O Conclave é um evento que carrega não apenas a função prática de eleger um líder religioso, mas também um profundo significado espiritual. É um momento de introspecção, oração e escuta interior, no qual se acredita que cada voto é guiado pela presença do Espírito Santo.”
Dessa forma, durante o período em que a Sé Apostólica está vacante, os assuntos administrativos da Igreja fica a encargo do Camerlengo, figura central nesse intervalo de transição. É ele quem confirma a morte ou renúncia do Papa anterior, convoca os cardeais e assegura que o Conclave ocorra de forma legítima.
Pesquisas recentes mostram que a figura do Papa continua a ter grande influência na vida de milhões. Segundo o Pew Research Center, 8 em cada 10 católicos acreditam que o Papa tem um papel relevante não apenas no campo religioso, mas também como voz ética e moral diante dos dilemas da humanidade, como a desigualdade, as guerras e as mudanças climáticas.
Para o professor Marcondes, essa relevância não é por acaso. “Mesmo diante das tecnologias e mudanças do mundo moderno, o Conclave permanece praticamente intacto. Ele é um símbolo da continuidade, da fé e da tradição. Eleger um Papa não é apenas decidir quem vai ocupar um cargo. É reconhecer uma liderança espiritual em tempos que carecem de referências globais”, finaliza.
Fonte: Da Redação