Muita gente ainda confunde Roraima com Rondônia. Além do nome, os dois estados compartilham o fato de estarem na região Norte e de terem enfrentado problemas com a nova onda do coronavírus. No caso de Rondônia, um fato chamou atenção. O governo fraudou boletins, informando um número de leitos de UTI e leitos clínicos que não existiam, para evitar ter que decretar medidas mais restritivas ao comércio. A estratégia usada foi contabilizar leitos de um Hospital de Campanha que já estavam desativados. O Ministério Público identificou a distorção e apresentou a denúncia contra a gestão estadual. Rondônia também entrou em colapso por conta do aumento de casos. Na última quinta-feira (18), o Estado registrou 37 mortes pela doença.
PARECE
Em Roraima, parece que o Governo do Estado também quer seguir a cartilha do que aconteceu em Rondônia. Porém, a distorção é em relação a qualidade dos serviços ofertados. Diariamente, a população está acompanhando as denúncias feitas pelos familiares dos pacientes. Semana passada, um pai precisou comprar a linha para que a esposa pudesse fazer uma cesariana. A Maternidade Nossa Senhora de Nazaré não tinha material. Neste fim de semana, outro pai denunciou que a cesária da esposa foi remarcada por três vezes e a única justificativa dos profissionais da unidade é que não havia material para o procedimento. A Secretaria de Saúde nega. No sábado (20), a reclamação veio do novo Hospital de Retaguarda do Governo. Uma paciente denunciou que não havia água para tomar banho. Outro relatou que não há portas nos banheiros. Não é uma questão apenas de privacidade, mas também de manter a higiene no hospital.
MAIS UMA
Outra denúncia que ganhou volume se transformou em campanha de arrecadação para ajudar uma profissional de saúde do Hospital Geral de Roraima (HGR), internada em estado grave por conta da Covid-19. De acordo com colegas, o HGR não teria disponível dois medicamentos necessários para o tratamento, incluindo o sedativo. A campanha pedia ajuda financeira para comprar os medicamentos em quantidade suficiente para sete dias. No domingo (21), a informação de que o HGR estava novamente sem o sedativo para manter os pacientes intubados ganhou força. Em resposta à imprensa, a Sesau disse que a paciente está recebendo toda a atenção necessária e que um dos medicamentos foi substituído por um genérico e o outro estava sendo administrado normalmente. A nota falava ainda sobre a dificuldade para aquisição de remédios e materiais médicos durante a pandemia, devido à alta demanda em todo o país. Mas, quem é que consegue confiar na Sesau?
LOTADO
O fim de semana foi todo com os leitos para pacientes com coronavírus lotados ou perto do limite. O Governo do Estado assumiu compromisso, inclusive com órgãos judiciais, para seguir investindo na implantação de novos leitos de UTI, conforme a necessidade verificada durante a pandemia. O ideal seria que a lotação máxima das UIT’s ficasse em 70%, mas ao contrário disso, está acima dos 90%. E sem previsão de expansão. O Anexo do HGR que tem capacidade para mais 170 leitos só deve ser entregue em maio, conforme a última informação do Estado. Outra situação de alerta é o fim do estoque de vacinas contra a Covid. Até o momento, não foi confirmado novos envios de doses. Sem isso, a Prefeitura de Boa Vista, por exemplo, não poderá iniciar a vacinação de idosos com menos de 80 anos. É mais um atraso na luta contra o vírus.
R$ 200 MILHÕES
O que chama a atenção em todo o contexto de combate à pandemia em Roraima é o fato de que o Governo do Estado tem cerca de R$ 200 milhões disponíveis para investir no combate à pandemia. Isso inclui a possibilidade de comprar medicamentos, materiais, contratar profissionais… Ou seja, todas as condições para que a população seja bem atendida. Porém, não é que acontece. O dinheiro continua parado nos cofres da Sesau e há quem diga que é uma estratégia do governador Antonio Denarium (Sem Partido), que estaria guardando o recursos para usar perto das eleições. Se é verdade ou não, cabe aos órgão de controle como o Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas da União verificar. Guardar dinheiro quando falta material e medicamentos para salvar vidas é no mínimo um ato criminoso.
COLETIVA
No domingo (21), a equipe de comunicação do governador Antonio Denarium informou que será realizada uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (22) para tratar de medidas econômicas para o desenvolvimento do Estado e para o combate ao coronavírus. Denarium, que ainda insiste em promover esse tipo de aglomeração, vai falar sobre quatro projetos de lei de autoria do Executivo encaminhados para a Assembleia Legislativa que tratam de energias renováveis, Refis do IPVA, novos voos para Roraima e medidas de incentivo para o combate ao coronavírus. Apesar da precaução de todos com a saúde pública, Denarium manteve agenda longe desse tema. Visitou obras em estradas vicinais e fez entrega de materiais escolares em comunidades indígenas, promovendo aglomerações e com uma população que é mais vulnerável ao vírus. Se ele fosse mais sensível e responsável, não faria esse tipo de atividade e se dedicaria apenas à saúde, até conseguir frear o número de mortes em Roraima. Denarium tem coração?
Informações: Roraima em Tempo