Relatório vê fragilidade do governo federal em seis meses de ações na Terra Yanomami

Documento feito por três associações do povo Yanomami sugere que governo federal unifique ações de saúde e de retirada dos garimpeiros. Governo federal afirma ter investido mais de R$ 19 milhões no socorro dentro do território Yanomami e reconheceu que ainda há questões a serem resolvidas.

Um relatório que avalia os seis meses de ações do governo federal no atendimento a indígenas e retirada de garimpeiros da Terra Indígena Yanomami indica que o trabalho do governo federal tem avançado, mas ainda não é suficiente para garantir a segurança – inclusive de saúde, aos indígenas. O material foi divulgado nesta quarta-feira (2).

Intitulado “Yamakɨ nɨ ohotaɨ xoa! – Nós estamos sofrendo ainda: um balanço dos primeiros meses da emergência”, o relatório de 43 páginas destaca que a “ausência de uma coordenação das ações do governo no território Yanomami” é um dos principais fatores que explicam muitos dos problemas, como o de comunidades ainda desassistidas de saúde e núcleos de garimpeiros que insistem em não deixar o território.

Desde que declarou situação de emergência para combater desassistência de indígenas Yanomami, em janeiro deste, o governo federal tem atuado em três frentes: a oferta de atendimento de saúde às comunidades no território, envio de alimentos às regiões impactadas pelo avanço do garimpo ilegal, e retirada dos invasores.

Mas, na avaliação das lideranças que integram as associações responsáveis pelo relatório – Hutukara Associação Yanomami (HAY), Associação Wanasseduume Ye’kwana (SEDUUME) e Urihi Associação Yanomami – seria necessário unir todos os problemas em um único cronograma que pudesse ter execução de maneira centralizada.

“Preciso que o nosso presidente do Brasil continue trabalhando, continue reforçando. Mas tem que acelerar mais para nós Yanomami. A maioria não quer que garimpeiro continue trabalhando. Não pode demorar muito, sair é urgente”, afirmou ao g1 o xamã e principal líder Yanomami, Davi Kopenawa.