Alto Alegre e Amajari registram maiores taxas de homicídios entre cidades de RR

No ranking das maiores taxas de homicídio no Estado, Mucajaí apareceu em 3° lugar - Imagem ilustrativa
No ranking das maiores taxas de homicídio no Estado, Mucajaí apareceu em 3° lugar – Imagem ilustrativa

Alto Alegre e Amajari, cidades ao Norte do Estado, têm as maiores taxas de assassinatos de Roraima, de acordo com o Atlas da Violência, divulgado na segunda-feira (5). Os dados são de 2017, ano de referência do estudo.

A pesquisa foi feita com mais de 300 cidades brasileiras com mais de cem mil moradores, a partir dos dados de 2017. O documento foi produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Alto Alegre, com população estimada em 15.993 habitantes, registrou taxa de 224,6 homicídios a cada 100 mil moradores, e Amajari, com 11.560 habitantes, teve taxa de 76 assassinatos a cada 100 mil.

Apesar das cidades não terem 100 mil habitantes, o cálculo foi feito de acordo com o recomendado por órgãos internacionais e levou em conta a proporção conforme o território nacional. Ao todo, 310 municípios analisados e o instituto fez a projeção.

MIGRAÇÃO

O estudo aponta motivo para as altas taxas. O grande número de imigrantes venezuelanos que estão vivendo nas cidades e que não estão sendo contabilizados nas estatísticas oficiais do número de habitantes. Assim, o cálculo da taxa termina levando em conta um denominador menor do que o número real.

Apesar disso, o Atlas indica ainda que o processo de imigração entre Brasil e Venezuela pode ter facilitado as oportunidades para inúmeros crimes, como o tráfico humano e de drogas, por exemplo.

“No estado, as maiores facções presentes são o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). Essas facções estão em constantes embates, que resultam em assassinatos, por disputas de rotas e do tráfico de entorpecentes”, afirma o estudo.

Um exemplo desses confrontos foi a rebelião na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), em janeiro de 2017 em Boa Vista, com 33 mortes. Os assassinatos foram uma resposta ao massacre feito dias antes no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus.

No ranking das maiores taxas de homicídio no Estado, Mucajaí apareceu em 3° lugar. Com população estimada em 16 mil habitantes, a cidade ao Sul de Roraima com taxa de 71,2 a cada cem mil habitantes. Caracaraí e Rorainópolis, também ao sul do Estado, com populações estimadas entre 20 e 28 mil habitantes, respectivamente, aparecem na sequência, com taxa de 61,5 a cada cem mil habitantes.

CAPITAL

Embora concentre um pouco mais de 60% dos homicídios do Estado, Boa Vista tem índice de 18,8, sendo o 11° entre as capitais brasileiras, com taxa de 48,9, um crescimento de 23,7% de 2016 para 2017. Em dez anos, a taxa aumentou 80,6%. 149 homicídios foram registrados em 2017 e 13 ficaram ocultos, ou seja, quando não há causa determinada para morte.

Em números absolutos, Boa Vista teve 149 assassinatos em 2017; Alto Alegre, 35; Rorainópolis, 15; Caracaraí e Mucajaí tiveram 12 assassinatos cada um.

BRASIL

No país, o Atlas da Violência mostra que o tráfico de drogas e a disputa entre facções criminosas estão por trás das taxas de homicídio nas cidades mais violentas do país. O estudo, mostra que houve um crescimento das mortes nas regiões Norte e Nordeste influenciado principalmente pela guerra do narcotráfico, disputa por rotas de drogas e pelos conflitos entre facções. O mercado ilícito de madeira e mogno nas zonas rurais também é apontado como um dos principais causas dos assassinatos.

A conclusão é parecida com a revelada pelo Atlas da Violência divulgado meses atrás, que analisou as taxas de homicídio nos estados brasileiros. Roraima teve 248 pessoas assassinadas em 2017, um aumento de 113% em dez anos. O índice apontado pelo estudo é o maior da série histórica e atingiu uma taxa de 47,5 homicídios para cada 100 mil habitantes.

O Atlas confirma ainda um crescimento abrupto nas taxas de homicídios em vários municípios ao longo da rota do Rio Solimões, na Amazônia. O motivo apontado para esse crescimento, é a busca pelo controle do tráfico de drogas no Norte e no Nordeste do país.

Municípios considerados pequenos, com menos de 100 mil habitantes, tiveram aumento de 113% na taxa de homicídios em 20 anos e 51,5% em dez anos de 11,9 para 25,4. Municípios médios, entre 100 mil e 500 mil habitantes tiveram aumento de 12,5% em 20 anos, de 32,9 para 37,1.

Informações: Roraima em Tempo