Preso há 15 dias por envolvimento em desvio milionário no sistema prisional, o deputado estadual eleito Renan Beckel Filho (PRB) também está sendo investigado pela Polícia Federal por suspeita de crime eleitoral nas eleições 2018. O nome dele consta na lista de políticos que serão diplomados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR) nesta sexta (14).
Nas investigações da operação Escuridão, que também prendeu Guilherme Campos, filho da governadora afastada Suely Campos (PP), a PF interceptou ligações telefônicas entre Renan Filho e cabos eleitorais acerca de um suposto esquema de compra de votos no interior do estado.
Ao G1, advogado de defesa de Renan Filho, Henrique Sadamatsu, informou que tem conhecimento da investigação, mas que só vai se manifestar sobre o assunto quando for oficialmente comunicado.
A assessoria do PRB comunicou que acompanha o caso com atenção e que “ele será tratado conforme a legislação brasileira e o regulamento interno do partido prevê, cabendo a ele o direito de defesa e ao partido, sendo asseguradas as salvaguardas moral e ética que norteiam a sigla”.
Nas escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça no âmbito da Escuridão, o deputado foi gravado conversando com cabos eleitorais acerca de pagamentos a eleitores no interior do estado.
Em uma das ligações, no dia 5 de outubro, Renan Filho acertou valores que seriam pagos a “líderes” que cadastravam eleitores.
O esquema de compra de voto, segundo as investigações, funcionava da seguinte forma: os “lideres” coletavam nomes, títulos de eleitores e telefones para fazerem a confirmação dos votos por ligação. O valor por voto girava em torno de R$ 100 e os “líderes” recebiam R$ 250.
Também foram interceptadas durante as investigações mensagens de texto em que ele era cobrado para que pagasse os eleitores um dia depois do pleito de 7 de outubro.
No dia anterior à votação, a PF esteve no endereço dele e da ex-mulher onde apreendeu celulares e documentos que demonstravam a contabilidade de valores possivelmente relacionados à compra de voto. O material tinha sido arremessado a um terreno baldio nos arredores.
Eleito com 2.657 votos para ocupar uma das 24 cadeiras da Assembleia Legislativa de Roraima no mandato 2019-2022, o deputado foi preso no dia 29 de novembro. Ele chegou a ficar foragido, mas se entregou à PF poucas horas depois do início da operação.
Além de Renan Filho e Guilherme Campos, foram presos na operação Escuridão o ex-chefe da Casa Militar e ex-titular da Secretaria de Justiça (Sejuc), Ronan Marinho, gravado recebendo propina, e Josué Filho, também ex-titular da Sejuc.
O grupo, segundo as investigações, superfaturava contratos fraudulentos da Secretaria de Justiça com a firma Qualigourmet. A empresa foi registrada em nome de “laranjas”, mas tinha como verdadeiro dono o filho da governadora. O esquema movimentou ao menos R$ 70 milhões.
Informações: Emily Costa – G1 Roraima