Reabertura da fronteira Brasil-Venezuela deve aquecer comércio roraimense

Com um mês e 26 dias de fronteira fechada, o comércio de Pacaraima, Norte de Roraima, registrou um forte recuo. Todavia, foi anunciada nesta semana a possível reabertura do trecho, o que tem motivado os empresários. À época, a Receita Federal calculou prejuízos de R$ 5 milhões por dia.

Após negociações políticas entre o Ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, e o senador Temário Mota (PROS), o presidente Nicolás Maduro anunciou na segunda-feira (15) a possibilidade da reabertura da fronteira Brasil-Venezuela.

Durante as negociações, o chanceler Arreaza enfatizou que é propício aos países o estabelecimento de regras claras e que o Governo “deve reabrir a fronteira o mais rápido possível”.

Pelo Twitter Maduro destacou que o encontro possibilitou o desenvolvimento de cooperação e irmandade entre os países. “Debatemos ideais sobre a importância de desenvolver boas relações vizinhas, cooperação e irmandade entre os nossos povos”, escreveu o presidente.

Para os especialistas, a reabertura da fronteira pode trazer benefícios à população roraimense, principalmente no setor econômico.

Na avaliação do economista Paulo Henrique da Silva este indicativo mostra que o Estado não depende somente do setor público, mas também das relações comerciais.

“A tendência é que a economia se reestabeleça e também normalize a rotatividade de cargas, com mantimentos e outros materiais. Roraima precisa realizar estas ligações, pois é um estado muito isolado e mais da metade do Produto Interno Bruto [PIB] vem da esfera estatal. Por consequência, o comércio da Capital deve também ficar aquecido”, assegurou.

Para Silva, a área mais atingida foi o setor de transportes de carga. “Sem esta abertura e a crise constante tanto no Norte e Sul, a exportação de cargas ficou mais cara e os comerciantes de Pacaraima também sentiram os efeitos destas mudanças”, disse.

De acordo com o economista, Fábio Martinez, o retorno do fluxo de migrantes será positivo para os dois países.

“Será um alívio para os comerciantes e para a população, que por tradição, realizam essa troca, tanto com abastecimento de veículos brasileiros, turismo e compras em Santa Elena do Uairén. E como já sabemos, os nossos vizinhos vêm para realizar solicitação de refúgio e residência temporária, por consequência acabam movimentando a economia local”, avaliou.

EM NÚMEROS

Em 2018, o Posto de Recepção e Informação (PRI), em Pacaraima, registrou uma média de 67 mil entradas de venezuelanos no Brasil, sendo aproximadamente 560 por dia.

Desde o fechamento da fronteira, o registro caiu para 12 mil entradas, o que equivale a cerca de 300 ao dia. Os números comparados ao último levantamento mostram uma queda de mais da metade do fluxo diário.

“Dados do Ministério da Economia deste ano mostram que as exportações continuaram do Brasil para a Venezuela. Entretanto, neste período houve um decréscimo relevante no primeiro trimestre. O desenvolvimento ficou estagnado o que prejudicou tanto o Brasil como o país vizinho”, explicou Martinez.

FRONTEIRA FECHADA

Desde o dia 21 de fevereiro deste ano, por ordem do presidente Nicolás Maduro, a fronteira entre Brasil e Venezuela está fechada.

A decisão foi tomada após o presidente Jair Bolsonaro, junto com os Estados Unidos, estabelecerem um plano de ajuda humanitária à Venezuela, o que gerou uma ruptura nas relações diplomáticas.

A situação provocou um cenário de conflito em Pacaraima e gerou prejuízos econômicos para Roraima.

Informações e foto – Roraima em Tempo