Uma festa clandestina regada a álcool e drogas com participação de dezenas de adolescentes é investigada pela Polícia Civil. A suspeita é que o evento, realizado no bairro Silvio Leite, zona Oeste de Boa Vista, tenha sido patrocinado por uma facção criminosa para fazer o recrutamento de novos membros.
Vídeos feitos na festa, que ocorreu dia 28 de abril, mostram menores desmaiados no chão em meio à música alta. Outros aparecem consumindo bebidas alcoólicas, fumando e muitos dançando de maneira sensual à beira piscina.
“Pode ser, sim, uma festa patrocinada por facção, porque estamos com grande dificuldade para se chegar aos pais das vítimas. Esses pais têm medo de denunciar”, disse a titular do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (NPCA), delegada Jaira Farias, onde o caso é investigado.
Um dos vídeos foi entregue à Civil pela mãe de um adolescente, de 14 anos. O garoto passou mal após ingerir grande quantidade de bebida alcoólica na festa e mãe encontrou a filmagem no celular dele.
Visivelmente embriagado, o garoto aparece caindo no chão depois de não conseguir ficar sentado encostado a um balcão. Nenhuma pessoa que está próxima tenta ajudá-lo.
“O Núcleo de Inteligência da Polícia Civil teve acesso a essas imagens, produziu relatório e encaminhou para o NPCA. Imediatamente instaurei o inquérito e as investigações estão em andamento”, afirmou a delegada.
Outro vídeo mostra um garoto deitado chão, sem camisa e desacordado. Envolta, outros menores riem da situação e tocam nele, que não esboça reação. Pelo estado dele, a delegada acredita que, além da bebida, ele possa ter feito uso de droga.
“Não temos como afirmar se era somente o álcool. Pode ser coma alcoólico, pode ser droga. É tudo substância entorpecente, o que é ilícito”, complementou a delegada.
O evento, assim como outros que são apuradas pela polícia, são divulgados em grupos de Whatssapp. Em alguns casos, os organizadores indicam até motoristas de aplicativos que seriam de confiança para fazer o trajeto dos “convidados” até a festa.
Resgate de menores em festas clandestinas
Somente este ano, a Divisão de Proteção das 1ª e 2ª Vara da Infância e Juventude, resgatou ao menos 600 adolescentes em festas clandestinas com alto consumo de álcool e drogas. Em janeiro, fiscalizações flagraram ao menos 114 adolescentes em eventos sem alvará.
“Passa de 10 o número de festas que conseguimos fechar este ano. Em cada festa a gente consegue resgatar, em média, 60 adolescentes”, explicou a chefe da Divisão, Lorrane Costa.
Organizadores e produtores de festas clandestinas podem responder a procedimento administrativo na Justiça. Caso haja distribuição de bebidas e drogas, é instaurado um processo criminal.
“No procedimento administrativo, ainda é aplicada uma multa que varia de três a 20 salários mínimos e pessoa fica impedida de fazer festas. Seja ela pessoa física ou jurídica”, pontuou.
No caso dos vídeos, Lorrane explicou que os pais dos adolescentes podem procurar a Vara da Infância para os envolvidos sejam identificados.
Informações – G1 Roraima