O WhatsApp não perdeu sua finalidade, que é a troca de mensagens de texto de forma instantânea, além de vídeos, fotos e áudios por meio de uma conexão à internet. Mas, ultimamente, estelionatários estão utilizando esse aplicativo para aplicar um novo golpe na praça. O alerta é do delegado-geral da Polícia Civil de Roraima, Herbert de Amorim Cardoso. Segundo ele, as ocorrências são baixas, mas é bom que as pessoas fiquem atentas.
“São aproximadamente 20 ocorrências, mas aqui na delegacia geral já atendi mais de seis vítimas. Os casos envolvem pessoas do alto escalão, com certo poder aquisitivo. É importante fazer a ocorrência após ter sido clonado, porque se pode abrir uma linha de investigação”, garantiu o delegado-geral da Polícia Civil.
Segundo ele, nessa modalidade de delito os bandidos clonam o WhatsApp e por meio dos contatos da vítima, utilizam o aplicativo para pedir dinheiro para pessoas próximas aos proprietários do telefone celular. “Esse golpe tem duas vítimas, a que tem o aplicativo clonado e a outra que é lesada financeiramente. É um delito que está se tornando frequente”, ressaltou Herbert de Amorim.
O delegado citou que uma das maneiras de aplicar o golpe é quando alguém publica algo em sites de vendas e, a partir daí, os estelionatários entram em ação. “No OLX, por exemplo, o estelionatário verifica o número do celular do anunciante, manda mensagem se passando como administrador desse site, pedindo informações sobre o que está a venda. Durante a conversa, o estelionatário pede que a pessoa passe um código de confirmação recebido por mensagem de texto. O dono do celular abre a mensagem achando que é da OLX e passa para o estelionatário, acreditando que é do Whats. É ai que o aplicativo é clonando”, explicou.
Herbert de Amorim explicou ainda que o estelionatário habilita o aplicativo da pessoa no celular dele e automaticamente o aplicativo da vítima é desabilitado. Então o bandido fica de posse de toda rede de contatos da vítima, e passa a utilizar o aplicativo como se fosse a pessoa e pedindo ajuda financeira, de preferência transferência urgente. “E assim, os amigos da vítima fazem a transferência para o estelionatário que se utiliza de várias justificativas para conseguir a grana”, contou.
Confirme pedido de dinheiro de amigos, diz delegado
Para evitar cair no golpe, Herbert de Amorim orienta que não se faça a confirmação de código, mas se fizer, antes de efetuar qualquer transação bancária solicitada por meio de mensagem, a pedido de um parente ou amigo, entrar em contato por telefone ou pessoalmente com que está fazendo o pedido. “Deve-se suspeitar quando algum amigo seu pedir dinheiro pelo Whats, principalmente se ele fornecer a conta de um terceiro para a transferência da grana. Os estelionatários sempre estão encontrando novos meios de enganar as vítimas e por isso, a checagem de informações é fundamental”, ressaltou.
Outra dica, segundo o delegado, é que o usuário use o recurso de verificação em duas etapas, pois a proteção ativada impossibilita que outra pessoa ative o aplicativo em outro celular, pois precisará, além do SMS de verificação, uma senha de 6 dígitos que só o dono do aparelho possui.
Vítima conta como caiu no golpe do aplicativo
A jornalista Eliane Rocha faz parte das estatísticas sobre pessoas que tiveram a conta clonada, mas por ter conhecimento dessa modalidade de golpe, seus colegas não chegaram a perder dinheiro. Tudo aconteceu após anunciar a venda de uma casa em um site, no mês de março deste ano.
Segundo a vítima, um cidadão se passou por um interessado na compra do imóvel. “Na foto dele, no perfil, era um cara com a blusa de uma instituição de segurança, mas totalmente fora de suspeita. Enviei fotos da casa e durante a conversa chegou uma mensagem e esse cidadão pediu que eu enviasse o código que havia chegado por mensagem de texto. Achei que fosse algo da OLX e passei, mas no mesmo momento eu percebi que era golpe. Quando retornei ao WhatsApp não tive mais acesso”, contou.
Eliane disse que ligou para a operadora e foi informada que a clonagem não foi do número do celular, mas do aplicativo. “Uma colega me deu a ideia para eu cancelar o meu número de celular. Voltei na operadora e cancelei a linha e recuperei depois. Ao instalar o aplicativo recebi um novo código, o que impossibilitou o acesso do estelionatário”, ressaltou.
A jornalista disse ainda que depois de quase 4 horas foi que resolveu a situação. “Esse tempo foi suficiente para que o impostor enviasse mensagens para várias pessoas que conheço, mas depois também enviei mensagens para meus contatos contando sobre o ocorrido e ninguém perdeu dinheiro”, lembrou, alertando que as pessoas evitem deixar suas redes sociais abertas em notebooks. “Depois que acessarem é importante que cliquem em sair”. (E.R.)