Linha internacional entre Lethen e Georgetown deve ser inaugurada até novembro

“Hoje, as empresas que estão operando com a Guiana têm que sair daqui [Boa Vista] até Lethen, o caminhão fazer um transbordo por outro caminhão guianense para ele seguir com a carga para Georgetown", diz Remídio Monai

“Hoje, as empresas que estão operando com a Guiana têm que sair daqui [Boa Vista] até Lethen, o caminhão fazer um transbordo por outro caminhão guianense para ele seguir com a carga para Georgetown”, diz Remídio Monai
Em entrevista ao Agenda da Semana, da Rádio Folha, o presidente da Câmara de Comércio Brasil-Guiana, Remídio Monai, afirmou que linha internacional que liga Lethen e Georgetown, na Guiana, tem uma expectativa de ser inaugurada até o mês de novembro.

A linha é parte do acordo bilateral de transporte Rodoviário Internacional de Passageiros e Cargas e, segundo o presidente, essa expectativa se deve aos resultados alcançados nas últimas reuniões.

“O nosso relacionamento com a Guiana vem desde 1968. Reativamos a Câmara de Comércio e criamos umas pautas de interesse para buscarmos apoio. Entre 14 itens que definimos na nossa pauta, tinha o Acordo de Transporte de Passageiros e Cargas. Esse acordo foi assinado em 2003 e agora colocamos como meta principal de tirar do papel. Tudo avançou bastante e 80% do que se buscava resolver foi solucionado”, explica.

Atualmente as condições de comércio entre os dois países pela estrada existente são ainda muito complicadas. “Hoje, as empresas que estão operando com a Guiana têm que sair daqui [Boa Vista] até Lethen, o caminhão fazer um transbordo por outro caminhão guianense para ele seguir com a carga para Georgetown. Não tem uma estrutura em Georgetown, uma logística para isso. Imagina outras cargas frágeis e tem que fazer esse transbordo. Esse acordo veio para poder resolver esse problema, para que caminhões e ônibus possam sair daqui diretamente para Georgetown e vice-versa”, explica o presidente.

Entre algumas pendências que travam o acordo, também está a falta de interesse do Governo Federal. “O governo Temer assinou um memorando de intenção de fazer o projeto de engenharia deste trecho. Assim, o governo brasileiro ia doar o projeto de engenharia aos guianenses, que com o projeto poderiam ir atrás de financiamento para fazer o asfaltamento dessa estrada. Agora, o governo Bolsonaro está renegando esse termo e diz que não é prioridade do Brasil. Eles têm certa alergia em falar em investimento em outros países, mas estamos fazendo um trabalho que o investimento na Guiana vai beneficiar diretamente os roraimenses, a zona franca de Manaus”, desabafa Remídio Monai.

Outro entrave que teria que ser resolvido era a questão do Seguro, já que para um caminhão ou ônibus com passageiros entrar em outro país precisaria desse Seguro. Para o presidente da Câmara de Comércio, esse problema foi resolvido.

“O seguro ficou acertado e nesse mês de setembro os procuradores de cada segurado irão assinar os contratos entre as empresas. Elas ficam cobertas pelo seguro internacional que vai assegurar um ônibus daqui para a Guiana. A ANTT já abriu um cadastramento e foram cadastradas duas empresas para fazer essa linha de Lethen e Georgetown e duas empresas guianenses devem se cadastrar também”, afirma ainda.

Remídio Monai também destaca o crescimento econômico da Guiana para o futuro e como uma linha poderia beneficiar o estado de Roraima. “Grandes empresários querem fazer um porto em Georgetown e outros querem partir para o agronegócio. A Guiana, daqui a alguns anos, estará explorando mais petróleo que a Venezuela e assim esse pessoal vai ter poder aquisitivo grande para investir em Roraima, consumir também. O fato novo é que a Guiana estará explorando petróleo e tem empresas de vários estados que estão antenados com essa exploração”, revela.

Linha aérea de Boa Vista – Georgetown – Outro ponto discutido na entrevista com Getúlio Cruz foi sobre a questão de uma linha aérea entre as capitais de Roraima e Guiana. Conforme Remídio, ela não avançou muito.

“As taxas cobradas no aeroporto de Boa Vista são de US$ 2 mil. Não dá viabilidade disso com uma aeronave pequena. A nossa classe política não se atentou para rever essa situação, pois esse valor da taxa foi feito por lei. Isso inviabiliza esse comércio regional, tanto com a Guiana quanto com a Venezuela”, revela o presidente.

Informações: Folha de Boa Vista