RR lidera ranking de assassinatos de indígenas e número quase dobra em um ano

Números constam em relatório do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) que também alerta para invasões em áreas indígenas (foto: Edinaldo Morais)
Números constam em relatório do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) que também alerta para invasões em áreas indígenas (foto: Edinaldo Morais)

Roraima registrou o maior número de assassinatos de indígenas no Brasil com 62 mortes em 2018, aponta um relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), divulgado nessa terça-feira (24).

Segundo o documento, além de liderar o ranking entre todos os estados do país pelo segundo ano consecutivo, Roraima também viu o número de assassinatos de índios dobrar em um ano já que em 2017 foram registrados 33 homicídios.

Proporcionalmente, o estado tem a maior população indígena do Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e quase metade do território (48%) é ocupado por reservas indígenas.

Intitulado de “Violência contra os Povos Indígenas no Brasil – Dados de 2018”, o relatório do Cimi possui números referentes a assassinatos, invasões de terras indígenas e exploração ilegal de recursos naturais.

Os dados sobre assassinatos foram fornecidos ao Cimi pela Secretária Especial de Saúde Indígena (Sesai) através da Lei de Acesso à Informação.

Conforme o relatório, foram registradas 135 mortes violentas de indígenas em todo país no último ano. O Mato Grosso do Sul registrou o segundo maior número, 38 e o Paraná o terceiro, com oito assassinatos.

Os dados fornecidos pela Sesai não apresentam dados específicos como etnia, faixa etária ou circunstâncias das mortes. No entanto, o Cimi monitorou, por meio de matérias e informações do Conselho Indígena de Roraima (Cir) quatro casos, que resultaram em cinco mortes.

Um dos casos é referente ao assassinato de Alexsandro Melquior da Silva, morto pela própria mulher com um canivete na comunidade Macuquem, na cidade de Uiramutã, no Norte de Roraima.

Em 2017, foram 110 mortes no país e Roraima também liderou o ranking com seus 33 registros de assassinatos de indígenas. Naquele ano, o Amazonas registrou o segundo maior número (28) e o Mato Grosso do Sul apareceu em terceiro com 18 indígenas mortos de forma violenta.

Invasões, garimpos e danos ao patrimônio

O Cimi registrou também 111 casos de invasões possessórias, exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos ao patrimônio em terras demarcadas como indígenas no Brasil. Sendo 11 registradas em Roraima, o quarto no ranking liderado por Pará, Rondônia e Amazonas que registraram 24, 17 e 13 ações, respectivamente.

De acordo com o relatório de 2017, o garimpo nas terras Yanomami se intensificou bastante nos últimos tempos e a extração ilegal de ouro com o uso de balsas e dragas tem acelerado a degradação no leito do Rio Uraricoera, na Terra Indígena Yanomami.

“O garimpo na Terra Yanomami cresceu e nós já denunciamos isso, fomos a Brasília mas as autoridades não se mexeram, não escutaram”, afirmou a liderança indígena Davi Kopenawa ao comentar sobre o relatório. “O preço do ouro está alto e por isso os garimpeiros vêm de várias partes para explorar a Terra Yanonami”.

Consta ainda no relatório do Conselho que a Polícia Federal registrou em 2017 a retirada mensal de 106 quilos de ouro da terra Yanomami. A Hutukara estima que 20 mil garimpeiros ilegais estejam atualmente na região.

Informações: G1 Roraima