Governo “lava as mãos” e abandona profissionais de saúde em caso de contaminação por Covid-19

O Boa Vista Já recebeu denúncia de que profissionais de saúde da Cooperativa Brasileira de Serviços Múltiplos de Saúde (Coopebras), empresa terceirizada responsável por prestar serviços de saúde no Hospital de Geral de Roraima, teriam sido obrigados a assinar um termo em que assumiriam a responsabilidade caso algum deles fosse contaminado com coronavírus, isentando por completo o Governo do Estado de qualquer responsabilidade, inclusive de morte perante os herdeiros.

O Termo de Isenção de Responsabilidade diz: “Estou ciente da pandemia de CORONAVÍRUS (Covid-19), e assim sendo, assumo inteira responsabilidade nas atividades que desenvolvo. Isento assim, o Governo do Estado de Roraima e a COOPEBRAS – Cooperativa Brasileira de Serviços Múltiplos de Saúde, de toda e qualquer intercorrência que possa a vir a ocorrer com minha pessoa”.

Ao final, o documento diz: “Este termo assinado por mim, isenta as partes Governo do Estado de Roraima e a COOPEBRAS – Cooperativa Brasileira de Serviços Múltiplos de Saúde, inclusive sobre qualquer responsabilidade de herdeiros e/ou sucessores”.

Vale lembrar que a rede estadual de saúde já não oferece a menor segurança aos seus profissionais. Conforme denúncias de servidores, eles estão há meses sem equipamentos de proteção individual (EPI), materiais usados no atendimento aos pacientes com suspeita de coronavírus.

Pelo menos quatro servidores da saúde foram contaminados com o Covid-19: Uma profissional da Maternidade Nossa Senhora de Nazareth, um da Sesai (primeira morte por coronavírus de Roraima) e dois do HGR.

O governador Antônio Denarium chegou a aparecer em uma rede social com uma caixa na cabeça, como se estivesse ajudando a descarregar material de proteção individual, mas, segundo denúncias, os equipamentos só são entregues quando o governador ou secretários fazem as entregas para registro e postagem nas redes sociais.

Deputado aliado ao Governo repudia ação do Executivo, veja nota:

NOTA DE REPÚDIO

Com indignação e surpresa tomei conhecimento na tarde de hoje (14), da determinação da COPEBRAS para com seus colaboradores e equipe médica subordinada a essa cooperativa de serviços, obrigando-os a assinar um Termo e, com isso, se isentando da responsabilidade caso algum profissional – no exercício de suas funções – seja infectado por coronavirus.

É inadmissível que uma Instituição aja dessa dessa forma, desrespeitando esses profissionais que estão trabalhando – além de suas forças – na linha de frente, no intuito de salvar vidas e minimizar o sofrimento da população. É desumano o que a diretoria da Coopebras está fazendo!

E quero, sinceramente, acreditar que as autoridades e demais figuras e gestores públicos do Estado não estejam apoiando uma atitude tão sórdida e abominável.

Isso é um total desrespeito para com quem dedicou anos aos estudos e jurou salvar vidas – a doar-se e a abrandar o sofrimento do próximo, muita das vezes em condições inadequadas, em hospitais lotados e sem os equipamentos e insumos necessários para o exercício da profissão.

Com indignação e empatia eu, na condição de deputado estadual, me coloco à disposição da classe médica, reiterando que irei acionar o Ministério Público de Roraima e o Ministério Público Federal para ajudar esses profissionais, pois não compactuo com tamanha injustiça e com tal atrocidade.

Porque é isso que a Coopebras está fazendo com esta categoria – uma atrocidade, um ato vil e desumano praticado contra quem está heroicamente trabalhando e enfrentando essa pandemia, com honra e dignidade.

Deputado Renan Filho (Republicanos)

Foto: Nonato Sousa