Para mais de mil famílias em Roraima o Natal foi marcado pela tristeza. Eles são servidores comissionados da Assembleia Legislativa que foram demitidos sem nenhum aviso prévio e antes mesmo de receber o pagamento referente ao mês de dezembro. Um presentão garantido pelo presidente da Assembleia Legislativa, Jalser Renier (SD), e feito com o aval de todos os demais deputados que são completamente submissos e cúmplices dos desmandos de Jalser.
Não há nada que diga que a ação de Jalser é ilegal, porém, soa como imoral quando não há nenhum respeito aos servidores que atuam na Casa. Profissionais que trabalham, inclusive, aos fins de semana, especialmente aqueles que foram obrigados a fazer campanha eleitoral para Ottaci (SD). O mínimo que se esperava era que os servidores fossem avisados da exoneração ou que o ato ocorresse após o pagamento. Mas Jalser trata os servidores como descarte quando ele simplesmente tem vontade.
CABIDE
Qualquer órgão público depende da mão de obra para executar as ações. Para isso, é feito um planejamento da quantidade de pessoas que cada setor pode contratar e quanto o pagamento dos salários e encargos vai gerar de impacto financeiro no orçamento. Na Assembleia, o que existe é um verdadeiro cabide de empregos, onde o número de cargos em comissão supera o de servidores efetivos. Esses cargos são negociados entre os aliados de Jalser, o que inclui deputados, que negociam as cotas do gabinetes, até empresários. Jalser até prometeu convocar e empossar os aprovados no concurso público, mas encerra o ano de 2020 sem cumprir a promessa. Ao contrário, manteve a negociação de cargos e inflou a folha de pagamento nas vésperas do período eleitoral para tentar conquistar votos para o indicado. Porém, entre os próprios servidores da Assembleia, Ottaci teve rejeição.
CABRESTO
Jalser perdeu feio na disputa pela Prefeitura de Boa Vista. Isso mostra que a política do cabresto não é mais aceita pela população. E não serão atitudes como essas, que causaram a demissão em massa de servidores da Assembleia, que irão melhorar a imagem do presidente. Sempre que pode, Jalser coloca todos sob julgo. O próprio governador Antonio Denarium (sem partido) abriu mão do comando da Saúde para se livrar do impeachment. Fez errado. Se uniu a um dos mais corruptos de Roraima e acabou com o discurso de que não compactuava com esse comportamento. Jalser trata todos como gado, preso ao cabresto. Assim, está o governador do Estado, assim estão os deputados estaduais, muitos vereadores e até alguns prefeitos do interior. Assim, permanecem todos os servidores comissionados da Assembleia que, na visão de Jalser não merecem o mínimo de respeito. Com essas atitudes, ele conquistou a antipatia da população e se tornou um péssimo exemplo de gestor público.
CHAMA O JALSER
O famoso áudio vazado do deputado estadual Renato Silva (Republicanos) já indicava que parte do recurso de manutenção de cada gabinete estava sendo desviado para atender ao interesse de eleger Ottaci. Se isso procede ou não, nenhum órgão de controle se interessou por investigar a denúncia. Certo é que, Renato integra o partido do senador Mecias e do deputado federal Jhonatan de Jesus. Os dois coligaram com a deputada federal Shéridan (PSDB). Renato não seguiu o próprio partido e, ao que tudo indica, por medo de perder a verba de gabinete ou até quem sabe, algo mais grave.
OUTROS
Outros deputados escolheram se manter submissos a Jalser que seguir o próprio partido. Renan Beckel, também do Republicanos, estava na base de apoio de Ottaci. Os deputados Jorge Everton e Marcelo Cabral (MDB) ignoraram que o partido tinha um candidato próprio e negociaram o apoio ao candidato indicado pelo Jalser. Até do PT Jalser não abriu mão e brigou na Justiça para ter na coligação a sigla representada pelo deputado estadual Evangelista Siqueira.
TENTARAM
Quem ainda tentou enfrentar o presidente da Assembleia foi o deputado Soldado Sampaio (PCdoB) que solicitou na Justiça informações sobre a folha de pagamento da Assembleia e outros documentos. Ele suspeitava das irregularidades. Mas, o silêncio de Sampaio entrou no pacote que garantiu a indicação para a Casa Civil e a indicação de Jalser, para o comando da Sesau. Por fim, um último esforço foi realizado este ano pelo deputado estadual do Patriota, Nilton Sindpol, que ingressou com uma ação popular pedindo novas eleições para a mesa diretora. O pedido foi negado pelo juiz Air Marin Junior. Nilton diz que vai recorrer da decisão. Este seria o único caminho para reduzir o poder de Jalser dentro da Casa Legislativa.
SÓ PIOROU
Desde que Jalser assumiu o comando político da Saúde, indicando o secretário Marcelo Lopes, nada melhorou. As denúncias sobre a precariedade no atendimento continuam sendo expostas nos veículos de comunicação. E ainda que o secretário Marcelo insista em dizer que passou esses meses refazendo os contratos com suspeitas de irregularidade, a Secretaria dispunha de dinheiro suficiente para que novas compras fossem realizadas e o atendimento aos pacientes fosse devidamente garantido. Várias foram as pessoas que morreram na UTI enquanto familiares organizavam vaquinhas para comprar medicamentos, inclusive os sedativos necessários para mantê-los intubados. De forma vergonhosa e sem respeito nenhum a dor das famílias enlutadas, Marcelo e o governador Denarium ainda foram para a imprensa dizer que essas denúncias eram mentirosas.
Informações: Roraima em Tempo – Foto: Arquivo Pessoal