O governador Antonio Denarium e o secretário Marcelo Lopes parecem viver uma fantasia e ignorar a realidade de uma Saúde que está em maus lençóis. Na coletiva de ontem, apenas maravilhas foram ditas, enquanto o caos impera nas unidades de saúde. Maternidade com bebês com e sem sintomas da Covid-19 dividindo o mesmo espaço. No Hospital Geral de Roraima (HGR) pessoas dormem no chão porque não tem espaço para ninguém. Central de ar quebrada e pacientes internados no setor de fisioterapia por falta de leitos nos blocos.
CONTRAMÃO
Mas, na contramão, Denarium fala que o governo passou por uma experiência e tem capacidade para enfrentar a pandemia. Dez meses depois de a doença começar a se alastrar por Roraima, o Estado fala em voltar a ter barreiras sanitárias nas fronteiras. A ineficiência se mostra ainda mais absurda quando os profissionais e pacientes relatam a vivência inescrupulosa que paira diariamente os hospitais. Agora, depois de 800 mortes e 70 mil casos confirmados, o governo fala que vai transferir pacientes sem Covid do HGR para outras unidades. Como sempre, atrasado.
NA BOCA DO GOVERNADOR
Para Denarium, as barreiras e a transferência de pacientes são “bem pensadas” e “contribuem para o controle da doença e um bom tratamento médico”. Se já não bastasse o péssimo exemplo de não usar máscara no gabinete governamental, o governador se mostra cada vez mais alheio à situação. Pelo que esta Coluna recorda a última vez que Denarium pôs os pés no HGR foi para entregar um bloco, mas serviu de alguma coisa? Os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) operam quase no limite máximo: 29 dos 30 estão ocupados.
FERROVIA?
Enquanto o caos opera, Denarium e aliados, como o senador Telmário Mota (Pros), discutem asfaltamento de estrada entre Lethem e Georgetown. O gestor nunca escondeu a paixão pelo agronegócio e foca as ações de governo para a área. Foi justamente essa ânsia pelos grãos que levou o vice-governador Frutuoso Lins (Rede) a se afastar do bolsonarista. Para Lins, deveria haver equilíbrio na atenção do governador. Isso fica evidente no combate à pandemia: enquanto o agronegócio anda, a Saúde desanda. Denarium traz a mesma ladainha desde o início do mandato e não age à altura do cargo.
APC
O que também soa preocupante é o fato de Denarium afirmar que os pacientes sem coronavírus vão ser levados para o Hospital de Campanha. Vão ser colocados no chão? Não há leitos desde que a unidade deixou de ser responsabilidade do Exército. O Ministério Público que tenta, na Justiça, uma liminar que obrigue a Secretaria de Saúde a disponibilizar leitos. Soa preocupantes, pois Marcelo Lopes disse que o hospital deve ser reaberto até 5 de fevereiro. Durante as próximas semanas, a pandemia mostrar uma face ainda mais cruel, tendo em vista que o HGR, único que atende pessoas com Covid, está lotado, com pacientes misturados, sem leito e instalações suficientes para oxigênio.
RECORREU
O presidente da Assembleia Legislativa, Jalser Renier (SD), recorreu da decisão que autorizou a liberação dos bens apreendidos durante a Operação Royal Flush. Mas por quê? É que Jalser deseja liberar os imóveis que foram sequestrados pela Justiça, a pedido do Ministério Público. Ele quer também que as contas bancárias sejam desbloqueadas. Essas duas autorizações não foram concedidas pela turma de desembargadores. O presidente alega que o órgão fiscalizador opinou para que as contas fossem desbloqueadas e os imóveis liberados…
MAS…
Só que a Justiça não entendeu dessa forma. A justificativa dada pelo ministério é de houve demora no recebimento da denúncia contra Jalser. Por isso, os bens deveriam ser devolvidos. Contudo, para o desembargador Ricardo Oliveira, que cuida desse recurso, a demora ocorreu devido ao grande volume de documentos e mídias para analisar, o que está amparado dentro da própria jurisprudência do Tribunal de Justiça. Sendo assim, não que há que se falar em liberação dos imóveis, até porque existe outro recurso em andamento com o mesmo teor. Resta aguardar!
PERDEU
Farah Mesquita e a Famer, que ele criou e presidia, foram multados pela Justiça em R$ 1,5 milhão por não cumprirem a ordem de interromper a venda ilegal de lotes, no bairro que ele intitula de ‘Antônio Torres’. Há anos Farah vem com essa história de que irá transformar uma área em loteamento. Só que a demora e o sumiço do dinheiro levaram o Ministério Público a processar o presidente e a entidade. A Justiça bloqueio R$ 500 mil e mandou parar com a venda de lotes, mas Farah continuou, segundo o MP. Com isso, veio a multa milionário.
Informações: Roraima em Tempo – Foto: Secom/RR