Remédios controlados e sequelas graves fazem parte da vida de quem aguarda por cirurgia eletiva em RR

A dor, angústia e o medo de perder a vida por omissão do poder público nos tornam incapazes. Ter a sua sobrevivência entregue nas mãos de um gestor público rodeado por políticos investigados e condenados por corrupção é, no mínimo, desesperador. Há quase dois anos, o Estado de Roraima vem cancelando e atrasando cirurgias eletivas nos hospitais estaduais.

Há quem minimize, erroneamente, a palavra “eletiva”, dando a impressão de que se trata de uma doença cujo tratamento possa ser retardado. Grave engano! Como dizer a uma paciente com suspeita de câncer no ovário que ela deve aguardar o retorno das cirurgias?

Como dizer a um paciente ortopédico que a perna, com fratura, vai ter de ficar sem cirurgia? Como dizer a quem tem cálculo renal que a cirurgia não acontecerá porque o Governo ainda não está fazendo procedimentos “eletivos”? E as dores? E a angústia? E os custos com tratamentos paliativos? Como dizer a um paciente com câncer que a cirurgia dele não tem data para acontecer? E desde quando câncer espera a boa vontade de um governador?

À frente do Governo de Roraima há três anos, o atual governador Antônio Denarium está há dois anos sem oferecer esses procedimentos médicos hospitalares aos pacientes de todo o Estado, mesmo tendo o HGR com baixas taxas de ocupação e um Hospital da Campanha com capacidade para 800 leitos, sendo utilizados atualmente menos de 100.

Os recursos para a Saúde Estadual vieram aos montes. Milhares, milhões foram enviados pelo Governo Federal. O Governo de Roraima, inclusive, precisou devolver recursos à União porque não os utilizou como deveria. O que dizer a esses pacientes? Qual a justificativa?

Dormir com dores, acordar com dores. Viver com medo. Viver com angústia de ter um câncer alastrado. Viver com medo de ficar com a perna torta. Viver com medo das crises de cálculo renal.

A verdade é que não existe desculpa para justificar tamanha crueldade com milhares de pessoas que estão sequeladas por conta de atrasos nas cirurgias. É uma falta de gestão, humanidade, sensibilidade, empatia.

A saúde de Roraima, durante a pandemia, mais matou do que salvou. Matou por falta de UTI; matou porque o Governo comprou os respiradores mais caros do Brasil, pagou dinheiro superfaturado por cartilhas e máscaras; matou por conta das goteiras que caíram em cima de pacientes entubados; matou e vai continuar matando de pouquinho em pouquinho aquele roraimense que precisa de uma assistência em saúde.

Infelizmente, milhares de roraimenses ainda vão dormir hoje com essas angústias de amanhã ser tarde para iniciar um tratamento contra câncer.  

Por um leitor!