Mãe denuncia que filho pegou Covid-19 no Hospital das Clínicas em RR

Familiar disse que foi informada de que não há material para a realização do procedimento - Foto: Secom/RR

No início do ano o Governo do Estado remanejou alguns pacientes do Hospital Estadual de Retaguarda para o Hospital das Clínicas. Apesar de prometer que a ala que receberia pacientes com covid-19 seria isolada, alguns pacientes de outras alas foram contaminados. Este foi o caso do adolescente Vinícios Soares, de 17 anos, que possui deficiência múltipla e intelectual, que estava internado na unidade para tratamento de outra doença.

A professora Edilamar Soares, de 42 anos, mãe de Vinícios procurou a FolhaBV para relatar o caso. Por conta do tratamento que ele faz devido à deficiência que possui, ele foi internado em novembro de 2021 no Hospital Lotty Íris. No começo do ano ele teve uma piora no quadro de saúde e precisou ser internado novamente, desta vez no Hospital das Clínicas.

A internação aconteceu pouco tempo depois que a Secretaria Estadual de Saúde havia desativado o Hospital Estadual de Retaguarda e transferido os atendimentos para o Pronto Atendimento Cosme e Silva e algumas internações para o Hospital das Clínicas.

“Esse pouco tempo foi suficiente para que vários pacientes fossem infectados, tanto pacientes como profissionais, e o meu filho foi uma dessas pessoas, ele fez uma cirurgia de sonda para alimentação, porque ele regrediu num problema neurológico, quando foi infectado”, disse a mãe.

Ela relata que “ficou sem chão” quando recebeu o resultado positivo para covid-19, no dia 22 de janeiro, quando o garoto ainda estava internado no Hospital das Clínicas. “Chorei horrores. Meu filho agora está fazendo tratamento para covid-19 no Hospital de Retaguarda. E aqui tem mais pacientes que também foram infectados por causa dessa decisão desastrosa. Meu filho chegou com febre e oxigenação baixa, mas agora está estável”, relatou.

Somando todas as internações, Edilamar está há cerca de 50 dias com o filho em hospitais. “Busquei um neurologista particular porque disseram que não tinha no Hospital das Clínicas, e ele como neuro viu meu filho, os vídeos da dificuldade e ficou horrorizado, e encaminhou o meu filho de novo pro hospital devido à necessidade de fazer gastrostomia com urgência. Ele disse que meu filho tá perdendo muito peso, a tendência é piorar, porque a imunidade vai cair e vai ficar numa situação difícil, pode até morrer”, lamentou a professora.

Ela teme ter que retornar ao Hospital das Clínicas. “Quando ele receber alta aqui do Hospital de Retaguarda, terei que voltar com ele para lá. Os pacientes com covid-19 não estão mais lá, mas a doença se espalhou e contaminou até os servidores, alguns inclusive foram afastados”, disse.

OUTRO LADO

Por meio de nota a Secretaria de Saúde informou que a mudança no atendimento de pacientes com covid-19 foi feita de forma organizada e segura para evitar transtornos e garantir o atendimento com segurança para todos os pacientes covid e não covid, e que o Hospital das Clínicas atendeu pacientes com covid-19 em um bloco específico e isolado, com 12 leitos clínicos para tratamento da doença, com a devida separação e distância de 10 metros para os demais blocos e dos demais pacientes, para evitar risco de contágio.

“Além disso, para garantir a proteção de todos, profissionais e pacientes, foi disponibilizado insumos importantes para a prevenção da contaminação, como EPIs e álcool 70% e em gel. Reforça que o Hospital sempre contou com equipe de limpeza que manteve a higienização contínua e adequada, desde a porta de entrada aos blocos de internação para garantir a segurança sanitária no ambiente hospitalar. Além disso, há uma equipe multiprofissional composta por diversos profissionais, com escala fechada, para atendimento diário e contínuo de forma organizada, segura e com a devida atenção aos pacientes assistidos no local”, reforça a nota.

A pasta informou ainda que cerca de 57 profissionais precisaram se afastar do Pronto Atendimento Cosme Silva e Hospital das Clínicas.

“É importante esclarecer que a grande maioria dos servidores diagnosticados com a covid eram sintomáticos com quadro clínico leve e até assintomáticos, uma vez que todos os servidores são vacinados com as doses necessárias do imunizante contra a covid, o que contribui para a plena recuperação da doença. Além disso, a gestão reforça que se preocupa com a estabilidade da saúde física e emocional de cada servidor, o protocolo é o afastamento do profissional pelo tempo necessário e conforme avaliação médica, de acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde quanto a quarentena de pessoas infectadas, vigentes até então no Estado”, finaliza a nota.

Informações: Folha de Boa Vista