“Qualquer dos presidentes que ganhe precisa unir o Brasil’, diz Romero, sobre Bolsonaro ou Lula

Ex-senador Romero Jucá concede entrevista ao jornalista Gabriel Abreu (Divulgação/Ascom/Benico Moreira)

O pré-candidato ao Senado Romero Jucá (MDB) concedeu entrevista à REVISTA CENARIUM e falou que está mais experiente e preparado para as eleições de 2022. O ex-senador por Roraima tentou a reeleição em 2018, mas não conseguiu a vaga por uma diferença de 426 votos. Durante a entrevista, Jucá falou sobre o apoio do MDB à candidatura da senadora Simone Tebet (MDB) à Presidência da República, sobre a regulamentação da atividade mineral no Brasil e se apoia ou não o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Romero Jucá Filho é economista, empresário e político brasileiro filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Foi nomeado pelo ex-presidente José Sarney e aprovado pelo Senado como governador do Território Federal de Roraima, quando o Estado ainda era um território da Federação. Teve 1 ano e 5 meses de mandato e três atuações como senador por Roraima. Ao longo do período que esteve no Senado destinou recursos para importantes obras na capital durante a gestão da ex-prefeita Teresa Surita.

“Desses 20 anos que Teresa foi prefeita, a gente vê o tamanho da evolução de Boa Vista. A nível de infraestrutura, planejamento urbanístico, equipamentos institucionais, equipamentos sociais e trouxe programas sociais também. Boa Vista virou uma referência em qualidade de vida na Amazônia e no Brasil. Essa parceria com ela foi muito forte e ela tem marcas muito importantes para o nosso Estado. Além disso, eu trabalhei muito pelo interior, nos municípios. Então, o mesmo trabalho que eu fiz aqui em Boa Vista, com Teresa, eu fiz também no interior com essa parceria”, destacou.

Jucá e as fake news

O ex-senador tentou, em 2018, a reeleição para o quarto mandato como senador da República, mas não obteve êxito. Perdeu a eleição para Chico Rodrigues e Mecias de Jesus por uma diferença de 426 votos. Nesse contexto, Romero Jucá explicou que a eleição passada foi uma das mais difíceis, por conta do cenário político que o Brasil vivia naquele ano, e disse que, durante a campanha eleitoral, foi alvo de diversas fake news que prejudicaram a imagem dele.

“Em 2018, eu disputei uma eleição muito difícil. Havia um clima contra a política, no País, e havia também, em Roraima, muitas questões que foram levantadas e que, além do drama que o Estado vivia com o problema da queda de energia, da Venezuela, e a imigração de venezuelanos, havia também muitas mentiras que foram jogadas para a população de que eu era dono da empresa de energia, o que eu não sou. Outra mentira era que eu estava impedindo a implantação do linhão, mas que, no fim, eu ajudei a programar a obra do Linhão de Tucuruí, a estar no Plano Nacional de Investimentos do Ministério de Minas e Energia”, salientou.

Jucá mais experiente

Romero Jucá continuou a entrevista dizendo que foi uma eleição marcada pelas notícias falsas e afirmou que, ao longo desses quatro anos que esteve sem mandato, amadureceu e está mais experiente.

“Naquele momento, foi muita fake news, foi uma eleição de fake news, e uma eleição marcada por isso. Eu perdi a eleição por 426 votos, diferença muito pequena. Desses quatro anos que estou sem mandato, eu continuei a trabalhar, a defender Roraima, continuei liberando recursos, apoiando obras importantes na capital e no interior. Um dos exemplos é que os recursos para as obras do Parque Rio Branco foi liberado quando eu não era mais senador, eu consegui lá atrás. As pessoas podem esperar um Romero Jucá mais experiente, um Romero Jucá com mais vontade de fazer as coisas, um Romero Jucá mais participativo com a população”, afirmou o ex-senador.

“Fake news é o mal da internet que ganhou espaço na eleição de 2018. Era uma novidade. Então, agora não é mais novidade. Teremos mentiras na campanha? Teremos. A nível nacional, em todos os Estados, as fake news serão algo presente, mas acho que a população tem mais condição de avaliar, agora. E, as mentiras de 2018, elas não se comprovavam, elas “caíram por terra”, elas foram demonstradas serem mentiras. Então, pode ser que surjam novas fake news, mas as mentiras antigas, elas envelheceram. Esse ano é ponto importante para a disputa eleitoral desse ano.

Legalização do garimpo

Como um dos políticos mais atuantes do Brasil, Romero Jucá tem residência no Estado onde está situada a maior terra indígena do País, o Território Yanonami, alvo de ataques do garimpo ilegal. O ex-senador afirmou que pretende levar ao Congresso Nacional o debate para a regulamentação da atividade mineral no Brasil.

“Na verdade, o que nós temos que fazer, hoje, é a questão da regulamentação no Brasil. Esse drama não é só um drama em Roraima, lembrando que existe no Pará, Amazonas e em outros Estados. A ausência do poder público, nessa questão, dá margem para que os problemas cresçam. Então, eu defendo uma regulamentação, defendo que o recurso mineral de Roraima possa melhorar a vida de todos, inclusive, das comunidades indígenas, mas isso tem que se fazer discutindo, aprovando uma lei que regulamente tudo isso. Uma lei federal que não tem hoje. Há uma ausência de lei que regulamente isso. Então, isso são questões que eu pretendo tratar se eu tiver um outro mandato”, afirmou Jucá.

Apoio a Simone Tebet

O MDB, partido do pré-candidato ao Senado, anunciou que pretende indicar o nome da senadora Simone Tebet à disputa pelo Palácio do Planalto. A representante da chamada 3ª via ainda não alavancou e aparece apenas com 2% nas pesquisas eleitorais. Sobre esse assunto, Romero Jucá afirmou que, se confirmar o nome de Tebet à disputa, irá trabalhar no Estado para a senadora.

“Na verdade, o MDB está discutindo o lançamento da senadora Simone Tebet, que é um excelente quadro político, uma mulher guerreira, competente e bem preparada. Se o MDB mantiver a candidatura da Simone, na convenção, nós vamos apoiar a Simone, porque ela é do partido”, afirmou.

Mas o ex-senador lembrou que o palanque da chapa, no Estado, está aberto, já que o vice da pré-candidata Teresa Surita, ao governo de Roraima, é do partido do presidente Jair Bolsonaro, PL.

“O palanque da nossa chapa estará aberto a outros candidatos porque existem outros partidos que apoiam a pré-candidatura de Teresa ao governo. Por exemplo, o PL, em Roraima, está na chapa como vice. O PL apoiará o presidente Bolsonaro e estará também no palanque, porque será um palanque aberto”, esclareceu.

Lula x Bolsonaro

Questionado se apoiaria o ex-presidente Lula (PT), do qual foi ministro, em um eventual segundo turno, Romero Jucá elencou que qualquer que seja o presidente, a partir de 1° de janeiro de 2023 vai precisar “unir o Brasil” e melhorar a economia, que tem sido um dos pontos negativos e que tem deixado o atual presidente em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, segundo diretores dos institutos de pesquisas.

“Eu acho que os dois presidentes trouxeram avanço para o País. Eles também tiveram algumas dificuldades. Então, qualquer um dos dois que seja presidente, vamos ter que ter um Congresso forte, que possa atuar no sentido de mediar confrontos. O que a gente tem visto, hoje, é uma guerra entre os poderes. Os três poderes estão se enfrentando o tempo todo e o Brasil precisa de paz, o Brasil precisa de tranquilidade. Então, eu vou ser, no Senado, alguém que vai trabalhar no entendimento pela paz. Qualquer dos presidentes que ganhe essa eleição precisa unir o Brasil, pacificar o País e melhorar a economia do Brasil, porque a gente precisa gerar emprego”, finalizou.

Informações: Revista Cenarium