A alta no preço da carne fez disparar o valor do “rancho do mês” em Roraima e a alta de vários dos produtos que compõe o básico que um consumidor deve comprar a cada mês também subiram de preço.
Mas você saberia dizer quanto custa uma cesta básica em Roraima? Para chegar a uma projeção, a reportagem percorreu supermercados de todas as zonas da Capital esta semana e, durante o levantamento informal, constatou que o preço do produto ficou em R$ 371,95. Há quem considere barato, mas o valor representa quase 40% do salário mínimo atual, calculado em R$ 998.
Pelo fato de ser um levantamento informal, não é possível fazer um comparativo fiel do preço junto ao valor da última pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Contudo, o economista Vito Souza destacou que, caso fosse possível equiparar, o valor de R$ 371,95 colocaria Boa Vista entre as 13 capitais com a cesta mais cara.
Além disso, ao considerar as 220 horas mensais trabalhadas pelo trabalhador médio, o preço da cesta representaria cerca de 80 horas. Ou seja, o trabalhador gastaria 80 horas de trabalho para conseguir pagar o produto. Em contrapartida, ele explicou que em cidades que registram cestas mais caras, as famílias têm uma renda mensal média expressivamente maior que a de Roraima devido a robustez da economia.
“São Paulo, por exemplo, tem a cesta mais cara do país segundo a pesquisa de outubro do Dieese (R$ 473). Não é uma cesta muito mais cara que a levantada, ainda que informalmente, pela Folha”, disse.
Em compensação, enquanto a renda média de uma família paulista foi de R$ 1,9 mil em 2018, a de uma roraimense foi de R$1,2 mil durante o mesmo período, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“É uma diferença de R$ 700 na renda média e uma diferença de pouco mais de R$ 100 em relação ao preço da cesta básica. Proporcionalmente falando, a nossa cesta tem uma representação na renda média das nossas famílias muito maior”, destacou. No caso de São Paulo, uma saída aos consumidores que buscam economizar seria antecipar o consumo ou até mesmo fazer estoque. O mesmo não acontece aos roraimenses, já que o aumento de preço é pontual para alguns alimentos.
Entre os itens de cesta básica previstos pelo Decreto Lei 399/38, o que mais causou impacto no valor final da projeção foi a carne. Em seu terceiro aumento do ano, o preço do produto tem gerado reclamações diárias em todos os lugares possíveis, seja em supermercados ou até mesmo nas ruas da cidade. Outros produtos, como arroz, feijão, óleo e café, vivem em constante promoção no comércio.
DECRETO – Em vigência até o momento, o Decreto Lei 399/38 prevê como itens da cesta básica, bem como suas respectivas quantidades mensais: carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, tomate, pão francês, café em pó, açúcar, óleo e manteiga.
Especialista dá dicas de economia na hora do supermercado
Se é hora de supermercado, o economista Vito Souza dá a dica: o consumidor deve perceber, dentro da sua rotina de consumo, quais são os itens mais caros e representativos.
“Ele pode avaliar a substituição do produto ou uma promoção que ele descobriu fazendo pesquisas em vários locais. Ao final do mês ele vai perceber um impacto positivo”, aconselhou.
Para o especialista, o consumidor precisa entender que hábitos de consumo refletem na oferta dos supermercados. Ou seja, se determinado produto não está sendo consumido devido ao valor, por exemplo, o mesmo valor tende a não ser mais praticado. “Enquanto estiverem consumindo, o preço não tem motivo para mudar”, finalizou.
Informações: Folha de Boa Vista