Moradores estão ilhados há quase um mês na região do Baixo Rio Branco

Com as fortes chuvas, nível do Rio Branco e do Rio Amazonas subiu (Foto: Júlio de Castro)

Os moradores do Baixo Rio Branco, no município de Caracaraí, Sul de Roraima, procuraram a reportagem para denunciar a falta de assistência do Governo do Estado diante dos alagamentos na região.

Conforme Júlio Araújo de Castro, morador de Caicubí há 28 anos, o Baixo Rio Branco foi esquecida pelo Executivo e mais de 900 pessoas estão ilhadas há quase um mês. Segundo ele, as comunidades afetadas são: Canauinim, Panacarica, Sacaí e Caicubí.

A população total do Baixo Rio Branco é de 3.965 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estas localidades são de difícil acesso, sendo possível somente via aérea e fluvial.

“Todos perderam as plantações. A vila Sacaí está debaixo d’água. Nós que moramos em terra firme estamos em situação crítica e para eles [ribeirinhos] está pior. A situação da cheia ocorre há mais de quatro semanas e [o rio] continua enchendo muito. A água chega próximo ao assoalho das casas. Uma professora abandonou a própria casa por causa da enchente e agora está morando comigo”, relatou o morador.

NÍVEL

Devido à localização das comunidades, na divida com o Amazonas, a situação pode se agravar neste período chuvoso. Em Roraima, o nível do Rio Branco atinge 7,85 metros, segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA).

Já o nível do Rio Negro chegou a 29,91 metros neste período. Esta já é a segunda maior cheia da história, desde o início dos registros em 1902.

RISCO

Júlio de Castro destacou que, além do risco de perderem os móveis por causa dos alagamentos, os moradores temem os ataques de animais peçonhentos que acabam entrando nas residências. “Na frente da minha casa foi encontrada uma sucuri de três metros. Esse é um dos perigos das enchentes. Estamos ilhados e esquecidos”, acrescentou.

Esta não é a primeira vez que os moradores denunciam o descaso do Governo na região. Em fevereiro deste ano, a população denunciou a falta de lanchas ambulância, para atender as cerca de 130 famílias que vivem em Caicubí.

GOVERNO

Em nota, o Executivo informou que estão sendo adotadas medidas emergenciais em todos os municípios, a fim de evitar o isolamento das pessoas e o desabastecimento durante esse período crítico de chuvas.

“No caso do Baixo Rio Branco, trata-se de comunidades ribeirinhas, com casas na forma de palafitas, justamente pelo evento natural de todos os anos com as cheias dos rios. Nessas localidades, a fauna e flora são presentes e fazem parte do convívio dos moradores. Porém, os cuidados devem ser redobrados no período de cheia”, destacou a gestão.

O Governo ressaltou que a população afetada com as fortes chuvas recebe da Defesa Civil cestas básicas com gêneros alimentícios, além de ser removida de locais críticos.

“Estradas, vicinais e pontes estão sendo recuperadas, mesmo com as fortes chuvas, como ocorreu na BR-174, ao Sul, que rompeu com o transbordamento do rio Anauá e foi revitalizada”.

Para os moradores que precisam solicitar os serviços da Defesa Civil basta entrar em contato pelo telefone 193.

Informações: Roraima em Tempo