Na manhã desse domingo, 22, o Instituto de Identificação Odílio Cruz (IIOC) em parceria com o Instituto Medicina Legal (IML) conseguiram descobrir a identidade do homem cujo corpo foi encontrado na tarde da sexta-feira, 20, às margens da BR-174, após a Vila Petrolina, cerca de 200km da Capital. A Vítima foi identificada como o garimpeiro José das Graças da Costa Coelho, 54 anos.
Ao lado do corpo carbonizado estava a moto Honda/Fan, cor branca, de propriedade da vítima, que o fogo também consumiu. A Folha conversou com os familiares que deram algumas informações sobre o sumiço e morte de José. Segundo eles, o garimpeiro saiu de Boa Vista, onde morava, na quinta-feira, 19, às 13h, ocasião em que ligou para a filha afirmando que iria de moto. O destino seria a região da comunidade Terra Seca, município de Caracaraí.
Até a manhã do dia seguinte, a vítima não tinha chegado à casa dos filhos e, no período da tarde, assim que viram os vídeos e fotos a respeito do achado de cadáver naquela área, o filho reconheceu o corpo do pai imediatamente. Após a remoção, na sexta-feira, o corpo deu entrada no IML para início do processo de investigação.
O perito papiloscopista Antônio Mauro Rodrigues realizou os procedimentos técnicos e conseguiu, com um trabalho minucioso, encontrar os pontos das impressões digitais de um dos dedos queimados, constatando que o corpo era de José das Graças. A família fez a liberação do cadáver neste domingo para realizar funeral e sepultamento.
De acordo com o perito e diretor do IIOC, Amadeu Triani, o exame papiloscópico é extremamente confiável e eficaz, tendo em vista que os dados de impressões digitais estão acessíveis em banco de dados. “Temos um banco de dados que individualiza as pessoas. As impressões digitais asseguram, com segurança jurídica, a identidade da vítima”, disse Triani.
Quanto à morte ter sido causada por acidente, os familiares pouco acreditam nessa possibilidade, especialmente após saber do médico-legista que o homem morreu antes de ser queimado, informação que foi confirmada pela Folha junto aos servidores do IML. Ao lado do corpo foram encontradas duas latinhas de cerveja, mas um fato que corrobora para que os familiares dispensem a hipótese de acidente é que não há nenhuma marca de frenagem ou de queda na pista nem no local onde o corpo foi achado.
Os familiares revelaram que o garimpeiro tinha vendido ouro e levava consigo a quantia de aproximadamente R$ 11 mil, valor que não foi encontrado pela perícia e nem pelos funcionários do IML que fizeram a remoção, bem como os documentos pessoais. A mala pequena que a vítima transportava com alguns pertences também não foi localizada. No entanto, o aparelho celular, quase todo queimado, foi achado e está em posse da perícia criminal.
O tanque da moto estava aberto, o que também fortalece a suspeita de que o caso se trata de um homicídio, apesar dos parentes informarem não saber de nenhum desafeto ou inimigo da vítima. Porém, obtivemos com a família a informação de que uma jovem foi vista andando na garupa da moto pilotada por José das Graças em Boa Vista, horas antes de ele iniciar a viagem que terminou em tragédia.
A família fez o registro do Boletim de Ocorrência (B.O) na Delegacia de Caracaraí para que as investigações sejam iniciadas, uma vez que o caso está envolto de muitas dúvidas e requer apuração detalhada. É possível, conforme os parentes, que o homem tenha sido vítima de roubo e que tenha brigado com os criminosos antes de ser morto e queimado. Até o fim da tarde de ontem, ninguém foi preso como suspeito ou autor do crime.
Informações – Folha de Boa Vista – Foto: Divulgação