Quem aponta um dedo para alguém aponta outros três para si.

Vamos tratar, aqui, da grande cobertura que a mídia, políticos e juristas dão ao problema da eleição na Venezuela, mas ao mesmo tempo ignoram que aqui vivemos situação semelhante na eleição comprada pelo governador de Roraima, Antonio Denarium, em 2022.

Um erro não tira a razão de críticas sobre o outro. No entanto, como dizem: você deve cuidar primeiro da sua casa antes de falar da casa dos outros.

Dos fatos:

Desde que a eleição da Venezuela deu sinais de possíveis violações para garantir a manutenção de Nicolás Maduro no poder, a imprensa nacional, políticos e juristas entraram numa verdadeira campanha para que não fosse reconhecida a vitória do venezuelano.

Num toque clássico de hipocrisia, este mesmo grupo decidiu fingir que aqui no Brasil não está acontecendo algo semelhante ou pior. Sim, pior, já que o governador cassado pelo TRE-RR, Antonio Denarium, o mesmo que é acusado do genocídio Yanomami, desmatamento, tráfico de drogas, assassinato e corrupção, segue no cargo por uma manobra no TSE, que, sem justificativa plausível, tirou de pauta a sua cassação, ainda alegando que não cassaria ninguém para não atrapalhar as eleições (palavras de um dos ministros à CNN).

Pode isso, Galvão?!

Será que o Brasil seguirá sendo este país de falsos moralistas hipócritas que ora defendem uma pauta, ora ignoram quando convém?

Que no Brasil bandido branco e rico não é punido disso já sabíamos, mas é assustador ver a imprensa, políticos e juristas falarem tanto do Maduro e deixarem o Denarium com a capacidade de comprar mais eleições aqui em nossa própria casa.

O pior é que não se trata apenas de inação do TSE. O tribunal tem a obrigação legal de julgar processos que cheguem com cassação. Quer dizer que, se existirem 100 processos e entrar um de cassação, este processo de cassação deve ser julgado antes de qualquer outro. Logo, fica clara a disposição do TSE em deixar de cumprir a sua obrigação legal, o que, em última instância, resulta na proteção de um governador com três cassações, e isso tudo para garantir que possa estar no poder durante as eleições de 2024.

Vamos lembrar que violações já estão em curso com a candidatura da pupila de Antonio Denarium, Catarina Guerra, a qual tomou a vaga do deputado Antonio Nicoletti, que venceu as convenções municipais. No entanto, numa manobra sem fundamento jurídico algum, garantiu-se Catarina como a verdadeira candidata. Por sinal, o CNJ deveria investigar quais possíveis benefícios levaram a essa decisão judicial tão descabida e ilegal. Além do mais, pesquisas de opinião via telefone já estão em curso, identificando eleitores da oposição para oferecer até R$ 5.000,00 para que mudem o voto.