Denarium defende mineração em terras indígenas de RR em reunião com Jair Bolsonaro

O governador de Roraima, Antonio Denarium (PSL), defendeu a exploração mineral nas terras indígenas do Estado, durante reunião com o presidente Jair Bolsonaro (PSL), nessa terça-feira (27), em Brasília. O chefe do Executivo disse que mais de 46% do território roraimense são destinados às reservas e classificou a demarcação como “fruto de uma política indigenista”.

“Roraima não é a porção de terra mais rica do Brasil, é a porção de terra mais rica do mundo. As ONGs [Organizações Não-Governamentais] estão concentradas onde tem as nossas riquezas. O Brasil tem que ficar atento a isso e fazer um trabalho de exploração mineral em áreas indígenas e outras áreas. Roraima pode ser o salvador da Nação, desde que [se] faça a exploração mineral naquele estado”, declarou Denarium.

O presidente Jair Bolsonaro questionou o porquê “de tanta terra indígena” em Roraima. Em resposta, Denarium avaliou que se tratava de fruto de política indigenista e indagou “por que outros estados não têm terras indígenas e não estão cuidando dos índios?”.

“Roraima tem sido penalizado nos últimos 30 anos pelas políticas ambientais e indigenistas. Somos o Estado mais penalizado. Existem vários projetos para ampliação e criação de áreas protegidas. O Estado não suporta mais essa carga. [Entre os estados] temos a maior dependência do recurso federal”, complementou Denarium.

Durante a campanha eleitoral, Denarium garantiu que faria parcerias com as comunidades indígenas para melhorar a qualidade de vida dos povos, com viés sobre a agricultura. “Estou pronto para fazer o que não foi feito nos últimos 20 anos”, escreveu em setembro do ano passado.

A mineração nas terras indígenas é pauta do governo de Jair Bolsonaro, mas rejeitada por lideranças indígenas. O imbróglio envolvendo a gestão pesselista com demandas já solucionadas, como é o caso da demarcação, começou no início do ano, quando Bolsonaro transferiu a atribuição de demarcar terras ao Ministério da Agricultura. Contudo, os parlamentares derrubaram a decisão e ela voltou a ser competência da Fundação Nacional do Índio (Funai).

O governo ainda tentou editar nova Medida Provisória com o mesmo teor, mas o Rede ingressou com pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) e conseguiu decisão do ministro Luís Roberto Barroso para barrar a proposta.

Ainda segundo Denarium, sobram apenas 20% do total de hectares do Estado. O restante é terra indígena, áreas de conservação e estação ecológica. “Hoje, nós temos 95% da vegetação nativa preservada. É praticamente impossível, se não tiver parceria com o governo federal, preservar a floresta nativa”, complementou. “O Estado fica impedido de produzir, trabalhar e preservar o meio ambiente”, declarou.

Ele também disse haver um pedido do Estado para que não haja ampliação do Parque Nacional do Viruá, nem criação de novas áreas protegidas.

VENEZUELANOS

Ainda em reunião com Bolsonaro, o governador de Roraima pediu apoio ao governo federal frente à grave crise migratória que afeta o Estado. Ele afirmou que 40% dos leitos dos hospitais estão ocupados por venezuelanos, bem como 10% da população carcerária é formada por imigrantes.

“A Venezuela faz divisa com o Brasil, não apenas com Roraima. Precisamos de investimento. Temos 10% das matrículas nas escolas ocupadas por filhos de venezuelanos. Na nossa maternidade, as grávidas de alto risco e a UTI neonatal, o índice chega a 80%”, acrescentou o chefe do Executivo.

Ele lembrou que a Operação Acolhida faz um “trabalho fantástico”, mas, atualmente, existem aproximadamente 100 mil venezuelanos no território roraimense, onde a população cresceu 20% nos últimos dois anos. “Fica nosso pedido para que sejam feitas ações e parcerias com o governo estadual, para ajudar na contenção da crise migratória”, solicitou Denarium.

Informações – Roraima em Tempo – Foto Divulgação/Governo de Roraima