Justiça determina que União estabeleça novas ações de combate ao garimpo ilegal na Terra Yanomami

Justiça determina que União estabeleça novas ações de combate ao garimpo ilegal na Terra Yanomami
Garimpos ilegal dentro da Terra Indígena Yanomami -Foto: Christian-Braga/Greenpeace em Roraima, em abril de 2021

A Justiça Federal em Roraima determinou que ocorra audiência entre a União, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para que seja elaborado novas ações de combate ao garimpo ilegal na Terra Yanomami. O pedido é do Ministério Público Federal (MPF) do último dia 17.

Conforme o MPF, as ações do Governo Federal geraram resultados positivos no primeiro semestre. Contudo, o órgão constatou retorno da atividade ilegal sobretudo nas áreas desmatadas. Além disso, há relatos de aliciamento, prostituição, incentivo ao consumo de drogas e de bebidas alcoólicas e até estupro de indígenas por parte dos garimpeiros.

‘Empreendimento criminoso’

De acordo com o procurador da República responsável pelo caso, Alisson Marugal, o garimpo ilegal é um empreendimento criminoso. “Anotou-se que o garimpo é um empreendimento criminoso de grande resiliência e de alta capacidade de reorganização, exigindo, pois, o aperfeiçoamento constante das estratégias de comando e controle.”

Além disso, o MPF aponta que a atividade possui suspeita de ligação com organizações criminosas. Ela então dá suporte logístico, financeiro e de armamentos para que os garimpeiros sigam enfrentando os agentes estatais.

Logo, o MPF disse que, é importante rever o plano de ações com base na experiência operacional dos primeiros dias de incursões contra o garimpo. E assim adotar novas providências capazes de frear a invasão.

Panorama

A Hutukara Associação Yanomami, disse que “os moradores se sentem constantemente inseguros, devido as ameaças que recebem por parte dos garimpeiros”. Como resultado, os invasores culpam a comunidade pelas operações de desocupação, e os indígenas sofrem represálias por denunciar o garimpo ilegal.

Ainda de acordo com o MPF, documentos juntados pelo órgão indicam que o problema do garimpo também desponta num quadro de desnutrição desenfreada de crianças.

Os invasores desmontaram instalações de saúde e transformaram em centro logístico da atividade ilegal. Por fim, segundo dados do relatório mensal oficial sobre os atendimentos no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEi-Y), até 4 de outubro de 2023 houve registro de mais de 20 mil notificações de gripe e 18,6 mil de malária. Pelo menos 215 mortes foram confirmadas, sendo 155 delas dentro da própria terra indígena.

Fonte: Da Redação