OPINIÃO: Para quem está melhor?

Ao invés de defender a população, aliados de Denarium mantêm silêncio sobre os problemas do Governo do Estado (Foto: Diane Sampaio)

O Hospital Geral de Roraima (HGR) foi inundado pela chuva. Pacientes reclamam da falta de medicamentos. Não tem médico no Hospital de Caracaraí. Salário de trabalhadores da empresa terceirizada da Saúde atrasado. Mesmo assim, o governador Antonio Denarium (sem partido) consegue manter uma base de apoio que conta com três senadores, quatro deputados federais e 15 estaduais. O silêncio em relação aos problemas enfrentados pelo povo domina. Não se vê nenhum deles reclamando das condições da Saúde e pedindo providência. Os quatro deputados federais seguem como se nada tivesse acontecendo, em troca dos cargos comissionados que conseguiram na estrutura do governo. Dos deputados estaduais nem precisa falar. Eles são os mesmos que pediram o impeachment de Denarium e, hoje, encontram motivos para parabenizar o governador.

FALTA DE RESPEITO

Esses parlamentares agem como se a população não existe e como se não dependessem dele para se eleger. Antes de qualquer coisa, quem assume um mandato eletivo faz um juramento e as palavras são bem claras no que diz respeito ao dever que cada um assume de defender toda a população. Isso inclui quem votou e quem não votou nele. Mas, em Roraima, existe um entendimento muito diferente das coisas. Os três senadores, os quatro deputados federais e os 15 deputados estaduais agem como se sua única prioridade fosse defender o governador. É por isso também que as coisas estão desse jeito. O silêncio dessa turma não é barato e pelo que se fala nos corredores do Palácio, é cobrado em vantagens como cargos em comissão para acomodar apadrinhados, como a possibilidade de interferir nos processos de compra, favorecendo a empresa que oferece a melhor propina. Essa segunda prática é chamada pela Polícia Federal de conluio.

CONLUIO

O termo aparece no relatório produzido pela PF sobre a operação realizada na casa de Chico Rodrigues (DEM), quando o senador foi flagrado com R$ 30 mil na cueca. A PF foi até a casa de Chico seguindo a pista de que o senador faria parte do conluio que existe na gestão de Antonio Denarium, no qual aliados políticos conseguem interferir nos contratos. O documento feito pela PF aponta que o esquema funciona da seguinte forma: o político libera dinheiro para a obra ou a ação prevista; o governo contrata a empresa indicada pelo parlamentar; a empresa oferece produtos e serviços com preços acima da média; e aí vem a propina, dinheiro público que volta para o bolso ou para a cueca de muitos parlamentares de Roraima. Segundo a Operação, Chico é apenas um deles. Vários outros políticos teriam essa facilidade, tanto que o relatório da PF cita ainda Jhonatan e Mecias de Jesus (Republicanos) e o senador Telmário Mota (Pros). Todos negam, mas por decisão do Superior Tribunal Federal (STF), os atuais senadores de Roraima estão proibidos de se falar e de trocar mensagens por qualquer meio eletrônico. Como eles vão defender Roraima, ninguém sabe.

GAFANHOTO

Falando em Mecias, o seu Clã familiar, o Pereira de Jesus continua fazendo muito sucesso. Se antes, seus contratos se resumiam apenas a União Comercio e Serviços LTDA, que até 2018 ganhou rios de dinheiro na Secretaria Estadual de Saúde, agora comemoram o sucesso da maior rede de postos de combustível em Roraima. Mecias, o Jhonatan de Jesus (Republicanos), a esposa Darby e outros filhos e irmão de Jonathan, são os únicos que estão realmente felizes com os aumentos constantes do combustível bem no meio da pandemia. Denarium reduziu a carga tributária que existe em relação ao combustível, mas não para ajudar o pobre trabalhador. Foi para ajudar seus amigos empresários que podem pagar uma passagem de avião ou até que são donos de aeronaves para transporte de passageiros. A redução foi de 85%, muito vantajosa na verdade. O problema é que Denarium tem fama de gente ruim com dinheiro e Mecias, por suas vez foi fichado no escândalo Gafanhoto, que negou muito, mas que faz parte da sua vida política. Ë por isso, que Mecias e Chico nunca foram o novo. Eles sempre estiveram na política, se revezando de cargos, mas sem largar o osso. Finalmente, estão no Senado Federal, cargo que vão ocupar por oito anos. Mas, seguem com o mesmo hábito em relação à sociedade: os dois só se preocupam com a própria conta bancária e em garantir o futuro da própria família.

TOMANDO CONTA

Além de 12 postos de combustível espalhados por todo o Estado que tem contrato com as prefeituras do interior, mais a União Comércio e Serviço LTDA que teve por anos, contrato com a Secretaria Estadual de Saúde, Mecias ainda conseguiu incluir os filhos, parentes e aderentes em cargos dentro públicos na estrutura do Governo e da Assembleia Legislativa. Todos são sócios entre si, nas empresas da família, mas ganham “muito bem, obrigado”, salários mensais em cargos da CAER, da SEFAZ e até da Assembleia. Quem é mais audacioso, diz que Mecias vai abrir uma empresa de coach com os filhos e demais parentes. O primeiro curso será como estar em dois lugares ao mesmo tempo, porque deve haver uma fórmula mágica para que os Pereiras de Jesus consigam cumprir seus expedientes de forma correta (ainda que em home office), e administrar os negócios de sucesso da famílias que estão crescendo na mesma velocidade que aumenta o preço da gasolina. Tem muita gente interessada na fórmula de Messias, que já foi chamada em livro de, o Milagreiro da Multiplicação dos Bens.

PISTA

A Coluna recebeu informações extraoficiais que podem indicar novas irregularidades envolvendo políticos locais e seus familiares empresários em licitações para obras de recuperação de estradas vicinais. Os serviços estão previstos para municípios do Sul do Estado e para o Amajari. O volume de dinheiro é grande e segundo a denúncia, houve o que a PF chamou de conluio, pois o mesmo autor da emenda teria influenciado no resultado da concorrência entre as empresas, favorecendo aquelas que lhe interessavam. Uma dessas empresas, por exemplo, ficou famosa em 2011, acusada de irregularidades em contratos aditivos de obras de recuperação de BRs em Roraima. O caso virou escândalo nacional e terminou com a exoneração de um chefe do alto escalão do Dnit. Esse mesmo chefe, trabalhou antes em Roraima e daí, podem ter saído essas relações de amizade que perduram até hoje. Como as informações não são oficiais ainda, a Coluna não cita nomes, porém a equipe está apurando. Pela prática recorrente dos crimes cometidos pelos supostos envolvidos, é fácil deduzir que realmente, tem alguma coisa estranha nessa história.

Informações: Roraima em Tempo