Vinicius Jr. se irrita com falta de punições e vê ambiente de ódio na Espanha em ‘estado crítico’; veja bastidores

Vinicius Júnior entende que o atual ambiente de ódio gerado contra si alcançou um estado crítico, segundo fontes próximas ao atacante do Real Madrid informaram à ESPN.

A equipe que trabalha com o jogador admite que o que mais incomoda Vinicius é a absoluta falta de punições a todos envolvidos em casos de racismo contra ele nos últimos meses.

A ESPN apurou também que a coação dos árbitros em LaLiga ao jogador e o clima criado por parte da imprensa espanhola são dois pontos que seu staff entendem como determinantes para a atual situação.

Na derrota do Real Madrid para o Mallorca por 1 a 0, no domingo (5), Vini sofreu um recorde na temporada de dez faltas. Além disso, acabou muito provocado em campo por Antonio Raíllo e Pablo Maffeo e nas arquibancadas foi o jogador mais perseguido pelos torcedores.

No retorno a Madri após a viagem a Mallorca, por exemplo, Vini reclamou a pessoas próximas muito mais da própria arbitragem do que das provocações.

Outras fontes ouvidas pela ESPN confirmaram também relatos de pelo menos dois jogadores do elenco, que veem Vinicius muito afetado pelas ofensas racistas que acontecem nos estádios.

Imagens da DAZN foram divulgadas após a partida em Mallorca confirmando mais um caso de racismo contra Vinicius Jr. Ao menos um torcedor gritou para o jogador brasileiro: “Macaco, é um p… macaco”. Na temporada passada, também no estádio Son Moix, o jogador foi alvo de gritos “vá colher bananas”.

LaLiga divulgou nesta segunda-feira (6) mais um comunicado classificando o ato como intolerável. Afirma que colocou todos seus meios para identificar os responsáveis e que atua ao lado do Mallorca nesse sentido. Por fim, pede a colaboração dos torcedores para descobrirem a identidade dos racistas e fornece o e-mail StopRacismo@laliga.es para denúncias.

Curiosamente, foi a mesma DAZN que durante a semana que antecedeu ao jogo entre Mallorca e Real Madrid seu espaço para Raíllo. “Me refiro ao que disse da última vez, não vou falar muito mais sobre isso. Se amanhã tiver de colocar um jogador como exemplo aos meus filhos, talvez colocasse Modric ou Benzema, mas nunca o poria”, declarou o jogador.

Isso incomodou muito Vinicius antes mesmo da bola rolar em Mallorca, pela forma como alguns veículos de comunicação lidaram com toda polêmica. Em momento algum o atacante brasileiro respondeu às provocações de Raíllo, e mesmo assim ele esteve nas capas dos jornais como se houvesse um duelo particular com o zagueiro, que anteriormente dissera que Vini “usa o racismo como coringa”.

Nos últimos meses, Vinicius foi alvo de ofensas racistas em Valladolid e no Cívitas Metropolitano, antes e durante o jogo contra o Atlético de Madrid. Além disso, antes do dérbi pela Copa do Rei, um boneco com sua camisa foi pendurado em um viaduto da capital espanhola simulando enforcamento.

Carlo Ancelotti, em entrevista exclusiva à ESPN, demonstrou certa incredulidade com o que está acontecendo. “Não sei, de verdade, não sei o que acontece. Já disse que Vinicius Jr. é um jogador que precisa ser protegido o máximo possível. Mas, mais do que focar em Vinicius, precisamos focar no jogo e nos rivais dele”, afirmou o treinador, deixando claro que o foco precisa sair de Vinicius Júnior, a quem ele sempre faz questão de lembrar que é a vítima de tudo isso.

O árbitro Alejandro José Hernández Hernández foi tema para os treinadores das duas equipes também. Questionado pela ESPN sobre o número alto de faltas sofrido por Vinicius, o técnico italiano criticou o acontecido. “Não sou eu que tenho que falar sobre isso, é o árbitro. Foi algo bastante raro. No final do primeiro tempo, tínhamos dois amarelos e eles zero”.

Já Javier Aguirre relativizou o ocorrido. “As pessoas desde o início vaiaram o Vinicius, vaiaram o Carvajal, gritavam Raíllo, Raíllo, Raíllo. Acredito que sim, as pessoas estavam com essa ideia na cabeça, me refiro aos torcedores. No final, isso faz parte do jogo. Há o árbitro, há punições, não tenho mais o que dizer”, para depois completar. “Na ida, no Bernabéu, fizemos 15 faltas e três sobre ele (Vinicius). Acredito que o árbitro pode punir, há amarelos, vermelhos, o VAR, ele decide. Levo 47 anos no futebol, nunca falo dos árbitros. Eles fazem o trabalho deles e eu faço o meu”.

Na quinta-feira, durante a vitória do Real Madrid por 2 a 0 contra o Valencia, Gabriel Paulista foi expulso por agredir Vinicius Jr. com um chute. Depois da partida, Dimitri Foulquier foi mais um jogador a criticar o atacante. “Vinicius Júnior é um jogador que gosta de provocar. Então, se gosta de provocar, também tem que aceitar a provocação do jogador adversário. São faltas do futebol, mais nada. O árbitro decidiu que era para cartão vermelho, eu penso que não, mas é futebol, não aconteceu nada de especial”.