Irmão de Romário, Paulinho quase virou Edmundo antes de ser esperança do Atlético-MG na Libertadores

Por muito pouco, Edmundo poderia ser o camisa 10 do Atlético-MG, que enfrenta o Carabobo (VEN) pela CONMEBOL Libertadores, nesta quarta-feira (1º), com transmissão ao vivo pela ESPN no Star+. Mas a teimosia de um pai torcedor do Fluminense fez com que o garoto virasse Paulo Henrique, contrariando a vontade da esposa.

Após ver o primeiro filho receber o nome de Romário, a vascaína Ana Christina determinou que o bebê nascido em 2000 se chamaria Edmundo. Ela só não contava que o marido, Paulo Henrique, mudaria tudo na hora de fazer o registro no cartório.

“Essa situação é até engraçada. Meu pai era muito fã do Romário, na época ele jogava no Flamengo e colocou o nome do meu irmão de Romário pela história dele com a seleção brasileira, o título de 1994. Minha mãe, com bronca disso, porque ela é torcedora do Vasco, queria colocar meu nome de Edmundo, por ele ser um dos principais jogadores do Vasco, e o Edmundo sempre foi um craque, né!? E se meu nome fosse Edmundo, eu estaria muito feliz por estar representando um cara que tem uma linda história no futebol brasileiro e mundial e que sou muito fã também”, disse Paulinho à ESPN.

Mesmo não recebendo o nome de Edmundo, a balança da família pesou para o lado da mãe e Paulinho foi para o Vasco. No clube da Colina, ele fez praticamente toda a base e estreou nos profissionais aos 17 anos. Além disso, passou a usar a camisa 7, um dos números utilizados pelo “Animal” em São Januário.

Foi com essa numeração, que ele foi campeão olímpico com a seleção brasileira em 2021. Na partida contra a Alemanha, em 27 de julho, o atacante marcou um gol e fez um gesto como se lançasse uma flecha. A comemoração foi por conta de Oxóssi, que é conhecido no candomblé como “caçador de uma flecha só”.

“Quando fiz o gesto ali não foi nada premeditado. Era uma coisa pessoal minha que eu já queria fazer. Eu sabia que o jogo seria numa quinta-feira de Oxóssi e a convocação tinha sido numa quinta-feira também. Não tinha noção da repercussão. Foi algo muito positivo, que me deixou muito orgulhoso de ter representado tantas pessoas que não tinham coragem de expor sua religião, de se expressar. E claro, vai sempre bater na tecla da intolerância religiosa, algo que a gente luta muito hoje. A informação chega e vai deixando melhor para conversar e expor nossas opiniões. Estamos no caminho certo, já falam hoje sobre diversos preconceitos, não somente da intolerância religiosa, mas também o preconceito racial, de gênero e etc… Acho que é sempre importante frisar esse assunto, para informar a população, para que não possam cometer esses crimes, porque a gente sabe que todos esses preconceitos são crimes e devemos banir qualquer tipo de preconceito da nossa sociedade.”

No primeiro jogo diante do Carabobo (VEN), que terminou empatado por 0 a 0, Paulinho e os jogadores do Galo foram vítimas de ofensas racistas e xenofóbicas dos torcedores venezuelanos.

Para que isso não volte a ocorrer, o atacante acredita que seja necessário acabar com a impunidade, tanto esfera esportiva quanto na judicial.

“A punição tem que ser mais severa. Acho que o único jeito de barrar esses preconceitos é ter mais discussões, conversar mais sobre isso internamente nas instituições para tentar de alguma forma combater com esses atos. Jogadores e o próprio clube precisam expor essas situações para que as pessoas possam ser punidas e que não aconteçam mais. E que outras pessoas que tenham os mesmos pensamentos deles [preconceituosos] possam pensar mil vezes antes de cometerem qualquer ato desses. Mas é importante, nós jogadores que temos voz, falar sobre isso. Sempre vai ser importante, porque a voz pública tem importância no mundo da rede social, da TV e do Jornalismo”, concluiu Paulinho.

Onde assistir a Atlético-MG x Carabobo?

Atlético-MG x Carabobo (VEN), válido pela CONMEBOL Libertadores, será realizado na quarta-feira (01/03), às 21h30 (de Brasília), com transmissão ao vivo pela ESPN no Star+.