Visitas voltam em prisão de RR após 6 meses e parentes relatam surto de sarna entre presos

Seis meses após a intervenção na Penitenciária Agrícolas de Monte Cristo (Pamc), em Boa Vista, as visitas foram retomadas nesta segunda-feira (6). Familiares que estiveram dentro presídio relataram precariedade e disseram que os presos sofrem com um surto de sarna.

Ao todo, 40 presos foram selecionados para receberem visitas nesta manhã e mais 40 à tarde. Um total de 400 presos deverão ter direito de serem visitados nesta semana.

Durante a manhã, 14 mulheres compareceram ao local. Elas pediram para não terem os nomes divulgados e disseram que os detentos estão com hematomas de sarna, apresentam palidez, coceira e manchas.

De acordo com uma das visitantes, há ainda um surto de tuberculose no presídio, segundo relatado por seu marido. Ela também apontou que os presos estão usando apenas um short e uma camisa há seis meses, e dormindo no chão devido à falta de colchões.

No início deste mês, parentes de detentos chegaram a denunciar as más condição de saúde dos presos, por meio de relatos de ex-detentos do presídio.

Procurado, o secretário de Justiça e Cidadania, André Fernandes, negou que os presos enfrentem surto de outras doenças além da sarna. Ele disse que todos estão recebendo assistência médica dentro do presídio.

“A Saúde está licitando medicamentos que serão distribuídos para os detentos”, afirmou o secretário. “As roupas foram licitadas no governo passado e nem todas chegaram a ser entregues aos presos. Além disso, não há mais fugas e nem mortes no presídio o que faz a população carcerária crescer. Então, não temos como entregar roupas novas o tempo todo”.

“Os cotovelos dele estavam com hematomas, ele reclamou de dores nas costas, pois tá todo mundo sem colchão, e tinha até um tumor nas nádegas”,disse a familiar.

Uma das visitantes, que foi ver o irmão, contou que foram meses de muita expectativa e preocupação, em meio aos relatos dados pelos ex-detentos aos parentes.

“Para mim a visita foi um alívio, pois meu maior medo é de que ele estivesse morto depois de tudo que já ouvi de ex-detentos comentarem sobre como o presídio está cheio de doenças. Graças a Deus ele está bem, com alguns hematomas da sarna ainda, mas diz ele que está melhorando”, disse.

A mãe de um dos detentos disse que seu filho relatou que agentes que atuam na unidade chegaram a passar veneno nas celas com contaminação de sarna, mas nem isso impediu que o parasita proliferasse. Atualmente, a segurança da unidade é feita pela Força Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP).

“Meu filho está com muita coceira e muito pálido, acho que não estão tomando banho de sol, ou pelo menos não o suficiente. Mas ele falou bem da comida, disse que ela melhorou e está sendo servida três vezes ao dia normalmente”, contou.

Os parentes de detentos chegaram a juntar dinheiro para comprar remédios para os detentos, devido ao racionamento de estoque na prisão e a prioridade de atendimento aos portadores de tuberculose.

Os remédios foram entregues na Secretaria Estadual de Justiça (Sejuc) no dia 16 de abril, mas, pelo o que os presos mencionaram às visitantes, eles ainda não foram entregues.

“Nós entregamos 220 caixas de remédios para sarna e até agora nada. Uma médica voluntária e o coordenador do Conselho Penitenciário do Estado (Copen) contaram para nós que 7 mil doses do medicamento seriam necessárias. Conseguimos juntar mais 60 remédios desde então, e iremos entregar, mas queremos que os presos sejam medicados”, explicou a esposa de um detento.

Acerca dos medicamentos, o secretário disse que boa parte dos que foram entregues por parentes de presos na Secretaria de Justiça e Cidadania continham bilhetes dentro das caixas.

“Tivemos que fazer uma triagem, porque além disso haviam remédios que não eram para ser entregues. Chegamos a encontrar estimulante sexual entre os medicamentos para sarna”, disse André Fernandes.

Ainda segundo ele, os presos estão tomando banho de sol a cada dez dias porque a unidade está em reforma. A expectativa é que toda a obra termine até outubro. Ao fim dela, o presídio que tem 702 vagas, mas está superlotado com 1.487 presos, terá entre 30% e 40% vagas a mais.

Informações – G1 Roriama – Foto Pedro Barbosa