Comerciantes reclamam da presença de pedintes venezuelanos em seus estabelecimentos

Crianças imigrantes vendem meias e fazem mendicância em lanchonete do Centro da cidade (Foto: Diane Sampaio/FolhaBV)
Crianças imigrantes vendem meias e fazem mendicância em lanchonete do Centro da cidade (Foto: Diane Sampaio/FolhaBV)

A presença de imigrantes pedindo dinheiro e comida em bares e lanchonetes tem afastado a clientela, principalmente em locais onde existe maior concentração de migrantes que vieram para Boa Vista fugindo da crise na Venezuela. Um dos locais com maior acúmulo de imigrantes é o entorno da Rodoviária Internacional José Amador de Oliveira, local que também apresenta um grande número de bares, lanchonetes e quiosques.

“As pessoas deixaram de frequentar este espaço devido à presença dos imigrantes que pedem dinheiro, comida e emprego. Isso incomoda as pessoas e o prejuízo fica para nós que temos comércio aqui. Alguns já deixaram de vir porque não estão vendendo mais“, disse um vendedor que pediu para não ser identificado.

O ambulante Antonio Xavier disse que sempre passa pelo local, mas que as vendas caíram muito.

“Os pedintes tomaram conta e fizeram em pequeno comércio próximo a Rodoviária e isso acaba prejudicando os outros comerciantes”, disse.

Mas não é só no entorno da rodoviária que a presença de pedintes e moradores de rua tem prejudicado o comércio. Atendente de uma lanchonete no Centro, Adílio Ambrósio disse que muitos chegam ao local, nem pedem licença e vão direto às mesas dos clientes pedir dinheiro e comida.

“A forma como eles entram irrita quem trabalha e os clientes também que se sentem incomodados com a presença deles e só o que podemos fazer é pedir que eles se retirem, mas nem sempre somos atendidos e alguns chegam a ser agressivos, mesmo sendo crianças”, disse.

Adílio citou que na maioria das vezes eles pedem comida, mas que não comem, e que já houve casos de jogarem fora na frente do cliente que pagou o lanche.

“Esse tipo de atitude revolta os clientes. Eles querem é dinheiro, já que quando dão comida não vemos eles comerem. Eles jogam fora. Teve um caso em que uma senhora chamou o Conselho Tutelar revoltada com o que viu”, afirmou.

Em outro caso o atendente afirmou que um grupo de homens e mulheres pediram dinheiro e com não foram atendidos passaram a xingar os clientes. “Só foram embora depois que dissemos que iríamos chamar a polícia”, afirmou.

No momento em que a reportagem estava no local, chegaram duas crianças venezuelanas, aparentando ter oito e dez anos, vendendo pares de meias, pedindo dinheiro e comida. Não estavam acompanhadas de adultos.

Empresário no ramo de imóveis, Alex Fraxe disse que se sente prejudicado por sua empresa de Consultoria e Construção que fica próximo a um semáforo onde os imigrantes se reúnem à noite.

“Eles ficam a noite no local e na manhã seguinte quando chegamos para abrir a loja não aguentamos o fedor de urina e já pedimos para que não façam as necessidades lá, mas não adiantou nada. Temos tentado resolver na conversa e até que diminuiu, mas não resolveu”, disse.

Polícia diz que permanência de pessoas em frente de empresas não configura crime

A Folha questionou a Polícia, pela Secretaria de Comunicação do Estado, para saber se há registros de pedidos de empresários para impedir a presença de imigrantes na frente das lojas; Qual orientação da Polícia nestes casos e; qual maneira correta de afastá-los destes locais.

Em nota, a PMRR (Polícia Militar de Roraima) informa que a gestão da imigração venezuelana é da Operação Acolhida, responsável pela remoção voluntária de imigrantes para abrigos.

Esclarece que no Brasil vigora o princípio do livre direito de ir e vir, portanto, a permanência de pessoas nesses locais não configura crimes, e não cabe ação da Polícia Militar para retirada. Ressalta ainda, que não há registro de solicitação por parte de empresários.

A PMRR está à disposição para prestar atendimento aos empresários e/ou clientes, caso haja quebra da ordem pública ou ocorrência de ilícito penal.

Informações: Folha de Boa Vista