Guilherme Campos, filho da ex-governadora Suely Campos, o deputado estadual Renan Filho (Republicanos), os ex-secretários Ronan Marinho e Josué Filho e outras oito pessoas viram réus por lavagem de dinheiro, organização criminosa em processo que apura desvio milionário em esquema de fornecimento de quentinhas para o Sistema Prisional de Roraima.
A acusação encaminhada ao Judiciário foi feita pelo Ministério Púbico do Estado, com base em investigação da Policia Federal, na Operação Escuridão, deflagrada em novembro de 2018.
A ação da PF desarticulou um esquema que desviou cerca de R$ 70 milhões em recursos públicos do sistema penitenciário para o pagamento de propinas e enriquecimento ilícito dos reais proprietários do negócio, comando segundo a Polícia, por Guilherme e Renan.
O empresário João Kleber Martins também passou a ser acusado no processo. Ele era o dono da Qualigourmet, empresa responsável por fornecer alimentação a presos de unidades em Boa Vista. No entanto, as investigações da PF apontam que ele era usado como laranja de Guilherme Campos. Atualmente, João Kleber disputa uma vaga na Câmara Municipal pelo partido Solidariedade (SD).
Em agosto, o Ministério Público ofereceu a denúncia que acusa o desvio de no mínimo R$ 15 milhões em um dos contratos. Ao aceitar denúncia, a juíza Daniela Schirato, Vara de Entorpecentes e Organizações Criminosas, afirmou que o Ministério Público apresentou provas suficientes para abertura da ação penal.
A peça processual ofertada pelo Ministério Público de Roraima, num juízo preliminar de admissibilidade da acusação, encontra-se formalmente apta a desencadear a persecução penal, demonstra ainda razoável justa causa para a abertura de ação penal em desfavor dos denunciados, bem como estão presentes os pressupostos processuais ou condições necessárias para o exercício da ação penal”, disse Schirato.
Conforme a decisão, os envolvidos tiveram até dez dias para responder por escrito à acusação. Eles também deveriam informar o número de telefone e endereço atualizados, além de comunicar qualquer mudança de residência.
O esquema teve início no começo de 2015, junto com o começo da gestão de Suely Campops,com a contratação emergencial da empresa Qualigourmet, constituída 8 dias antes para cuidar da alimentação dos presos no estado. Na época, a mesma empresa suspendeu entrega de comida aos detentos alegando dívidas do governo.
As investigações apontaram que a empresa superfaturava o valor da alimentação, além de informar quantitativo superior de refeições ao que era efetivamente providenciado e de fornecer alimentos de baixa qualidade. O esquema já foi alvo de outra operação da PF e de investigação em CPI na Assembleia Legislativa.
Informações: Blog do Perônico – Foto: Arquivo Pessoal