Servidor do grupo de risco afirma que é obrigado a trabalhar presencialmente em escola estadual

Segundo Decreto Estadual, trabalhadores com problemas de saúde podem atuar em home office (Foto: Divulgação)

Em razão da pandemia da Covid-19, servidores de órgãos públicos com algum tipo de comorbidade poderão exercer suas funções normalmente em regime de Home Office, conforme determinação Decreto Estadual. Entretanto, não é o que está acontecendo na Escola Camilo Dias, situada no bairro Liberdade, zona Oeste de Boa Vista.

O servidor da Secretaria de Estado de Educação e Desporto (Seed) José Augusto Magalhães, de 64 anos, disse que está sendo obrigado a trabalhar normalmente na unidade de ensino, mesmo afirmando possuir hipertensão e diabetes. A idade e as comorbidades o tornam parte de grupo de risco para o coronavírus.

O supervisor explicou que foi transferido para o colégio no fim do ano passado, e que desde então está trabalhando presencialmente. Sua preocupação aumentou mais ainda após uma das funcionárias do colégio morrer vítima da doença.

“Aceitei trabalhar pessoalmente no começo. Mas depois percebi que eu era o único a ir para lá no expediente da tarde, além da coordenadora. […] A situação se agravou muito no estado com o início deste ano, depois das férias de fim de ano. Então comuniquei que acharia melhor acompanhar as atividades dos professores de casa, usando meu computador. Na semana passada então a coordenadora me mandou mensagem dizendo que meu memorando já estava emitido e que eu deveria ir para a Educação novamente para ser transferido”, disse.

Antes de ser transferido para o Camilo Dias, o servidor esteve alocado na Escola Estadual Monteiro Lobato, no Centro. A unidade respeitou a condição de saúde do supervisor, porém, ele alegou te sofrido censura da direção ao questionar a conduta de outros servidores em reunião.

“Questionei porque além do trabalho da semana, eu precisaria estar a disposição aos fins de semana, pois estava recebendo determinações e orientações para serem executadas nos dias de descanso. Questionei isso em reunião virtual e então fui chamado atenção pelo gestor, por uma desculpa furada. Disse para ele que a desculpa era furada e ele me deu um memorando, onde era para me dirigir até a Secretaria e procurar outra escola para trabalhar”, contou.

Questionada pela reportagem, a Seed informou que recebeu um relatório atestando que Magalhães não estava desempenhando atividades de form regular na unidade. Ele nega, e disse que irá acionar a Justiça para apurar o caso. (nota na íntegra no final da reportagem)

“Estão me cozinhando lá na Secretaria, ofereceram alguns cargos burocráticos, mas eu quero trabalhar em escola. Isso sem falar com além do memorando, que não recebi cópia, a coordenadora enviou um relatório a meu respeito. Depois fiquei sabendo que nele que eu não trabalhava, o que é um absurdo. Estou em busca de advogado para ver essa situação”, pontuou.

NOTA DA SEED

A Secretaria de Estado da Educação e Desporto (Seed) informa que José Augusto Souza Magalhães Ramos é servidor do quadro efetivo do Estado contratado para o cargo de supervisor escolar com jornada de trabalho de 40 horas semanais.

O servidor foi lotado na Escola Estadual Camilo Dias para desempenhar a função de coordenador pedagógico no turno vespertino, em sistema home office em razão da idade, a fim de orientar os professores no desempenho das atividades pedagógicas na oferta do ensino remoto na rede.

Porém o servidor não vem cumprindo com suas atribuições e não desempenhou nenhuma atividade com os professores. A situação foi devidamente registrada em relatório elaborado pela gestão da escola e encaminhado para a Seed para conhecimento e análise.

A Seed reforça que está respeitando o decreto do executivo nº 28.853-E de 1º de fevereiro de 2021, prorrogado até 15 de março e que mantém o sistema de teletrabalho para servidores pertencentes ao grupo de risco da Covid-19, porém, o trabalho deve ser cumprido com apresentação de planejamento, participação em reuniões ou mesmo envio de respostas solicitadas pelos gestores, professores e alunos.

Informações: Roraima em Tempo