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Em Boa Vista, há um grande número de prédios públicos abandonados. Alguns deles, como a Casa de Cultura e o Teatro Carlos Gomes, já abrigaram a memória cultural do Estado e atualmente são o retrato do descaso do Poder Público, tendo se tornado abrigo para usuários de drogas e descarte de lixo.
Em meio às ruínas, a Casa de Cultura, prédio que foi a primeira residência oficial do governo de Roraima e que, posteriormente, passou a ser usado como centro cultural e departamento de patrimônio estadual, localizado na Avenida Jaime Brasil, principal centro comercial de Boa Vista, hoje serve como uma grande lixeira e um forte odor exala do local.
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A situação do Teatro Carlos Gomes não é muito diferente. Durante anos, tapumes cercavam o local fazendo a população pensar que estava passando por alguma revitalização. Os tapumes foram retirados, mas a reforma não veio. A atriz Célis Regina Monteles de Oliveira, do Grupo Criart Teatral, lamenta a situação em que o teatro se encontra.
“Em 2006, foi o meu primeiro espetáculo pelo Criart Teatral e nós usávamos a estrutura do teatro para nossos ensaios. Era um espaço ideal e a gente o considerava nossa casa. E eu me recordo que, naquele mesmo ano, já estava ficando sem condições de uso”, conta a atriz.
De acordo com Célis, os grupos de teatro que existiam na época se juntaram e decidiram que não se apresentariam mais no local.
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“Foi uma forma de protesto não utilizar mais aquele espaço. Meio que a contragosto. No final de 2006, a gente realizou o espetáculo ‘Sob o céu de poesia’ e foi o último apresentado no Teatro Carlos Gomes. Já se passaram 13 anos, entra governo e sai governo e só tivemos promessas. O sentimento é de tristeza, como se nós tivéssemos sido expulsos de nossa casa”, lamenta Célis Regina.
Para o professor doutor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Maurício Zouein, que já foi presidente da Federação Roraimense de Teatro Amador, a sociedade precisa, em primeiro lugar, reivindicar esses espaços para a memória e depois cabe às instituições, seja o governo do Estado, do município ou federal ter boa vontade para agir em prol da história de Roraima.
OUTRO LADO – Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Infraestrutura informou que o projeto para restauração da Casa da Cultura Madre Leotávia Zoller, já está em fase final.
No fim do ano passado, foi feito um processo de licitação para a construção do canteiro laboratório no local, onde pesquisadores vão fazer o levantamento de dados sobre os materiais, preservando suas características originais. O processo foi homologado e enviado para a Secretaria de Cultura para que sejam alocados os recursos.
Com relação ao Teatro Carlos Gomes, a Seinf esclarece que o projeto para restauração está pronto e trata-se de uma obra com investimentos previstos de R$ 1,2 milhão, mas que não foi dado andamento pela escassez de recursos.
MORADIA IRREGULAR – O antigo prédio da Secretaria de Estado da Gestão Estratégica e Administração (Segad), localizado na Rua Major Manoel Correia, no bairro São Francisco, está servindo de moradia irregular para imigrantes venezuelanos.
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No local, abandonado há mais de cinco anos, não existe energia elétrica, as janelas estão danificadas, a maioria das salas não tem portas, as paredes estão se deteriorando e as telhas caindo. Mesmo assim, 93 famílias de imigrantes venezuelanos vivem no local, um total de 320 pessoas, sendo 98 crianças. A maioria vivia nas praças Simón Bolívar e Capitão Clóvis, e encontrou no prédio abandonado um novo lar.
Numa sala pequena, com cama, fogão, alguns utensílios domésticos e roupas espalhadas pelo chão, vive o casal Anderson Machado e Ana Valessa Escobar, ambos com 24 anos, e um bebê de dois anos e meio, nascido aqui em Roraima. Ele conta que os pais dele e mais três irmãos também vivem no local, em outro “quarto”. Todos estão desempregados.
Num outro cômodo, um pouco maior, vive a família de Mirian Del Valle Arriojas, num total de 15 pessoas, entre irmãos, cunhados, filhos e netos. Com muito custo, conseguiram juntar duas camas de casal, uma de solteiro, redes, fogão, louça e uma mesa de plástico. Só um adulto trabalha, o restante vive de bicos.
Outro lado – A equipe de reportagem contatou o governo do Estado, por meio da assessoria, para saber se alguns dos prédios públicos abandonados estariam sendo ocupados por invasores e, se a reposta fosse afirmativa, quais seriam os planos do governo para retirá-los desses locais. No entanto, não houve retorno.
Informações: Folha de Boa Vista