Nesta quarta-feira, 28, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a estimativa populacional dos estados e municípios brasileiros, com referência em 1º de julho de 2019. Segundo o IBGE, Boa Vista foi a capital com maior taxa de crescimento da população no último ano, com um percentual de aumento de 6,35%. Fato que torna ainda mais nítida a crise migratória na menor capital brasileira.
Ano passado, a estimativa era de 375,4 mil habitantes e este ano chegou a 399,2 mil. São 23,8 mil pessoas a mais morando em Boa Vista. Roraima também teve a maior alta entre os estados com aumento populacional de 5,1%. Em 2018, a população era estimada em 576,5 mil habitantes e este ano chegou a 605,7 mil.
O aumento da população tem relação direta com a chegada em massa de imigrantes venezuelanos que fogem da crise em seu país. A estimativa feita pela Agência da ONU para refugiados (Acnur) é que cerca de 53 mil e 500 imigrantes vivem em Boa Vista, que acaba sofrendo com os impactos do aumento populacional em serviços essenciais como saúde e educação.
Apenas 6.500 venezuelanos recebem assistência e alimentação dentro dos abrigos geridos pela Operação Acolhida, do Governo Federal, em Boa Vista e na cidade de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. A maioria vive em casas cedidas, alugadas, prédios abandonados e até mesmo nas ruas.Embora as ações para lidar com a crise humanitária sejam de responsabilidade primária do Governo Federal, a prefeita Teresa Surita não tem medido esforços para manter a qualidade dos serviços oferecidos à população, tanto para brasileiros, como para imigrantes, mas relata as dificuldades enfrentadas pelo executivo municipal.
“Boa Vista está no centro da crise e no limite de sua contribuição. Temos feito de tudo, dentro das nossas possibilidades, para manter o atendimento em todas as áreas. Boa Vista tem um dos menores orçamentos entre as capitais do país, a economia local não gera empregos, a ajuda federal é pequena e os recursos emergenciais para a crise dos refugiados é destinada exclusivamente à população dos abrigos”, destacou a prefeita.Na
Saúde, a prefeitura já fez 394 mil atendimentos a venezuelanos nas 34 unidades básicas de Boa Vista entre 2017 e 2019. No Hospital da Criança Santo Antônio, único hospital infantil do Estado, já foram mais de 28 mil atendimentos entre 2016 e 2019.Na Educação, as escolas municipais atendem mais de 4.800 alunos venezuelanos, representando quase 12% dos estudantes. No social, a prefeitura já incluiu aproximadamente 980 mulheres venezuelanas no programa Família Que Acolhe, que atende gestantes e crianças até o seis anos de idade, inclusive com vaga garantida em creches.