
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, que investiga supostas irregularidades em contratos da Secretaria de Saúde (Sesau), realizou ontem (15) mais uma etapa de oitivas de pessoas envolvidas no contrato de alimentação da pasta.
Quatro pessoas foram ouvidas pelos parlamentares. Ao todo, 12 testemunhas já depuseram aos parlamentares, entre elas o proprietário da empresa Andolini Comércio e Serviços LTDA, Marcio Miler, que durante o depoimento citou o envolvimento do senador Mecias de Jesus (Republicanos) no contrato.
O deputado estadual e relator da CPI, Jorge Everton (MDB), confirmou a citação do empresário. “Realmente o nome do senador Mecias de Jesus foi citado pelo proprietário da empresa, dizendo que [Rui] estava buscando um padrinho político a fim de receber recurso”, esclareceu o parlamentar.
A reportagem acompanhou parte das oitivas. O proprietário afirmou que o amigo dele, Rui Figueiredo, era quem tinha reuniões com o atual senador. Conforme as declarações de Miler, esses encontros ocorreram quando o processo estava na fase de licitação e a empresa concorria para prestar o serviço. Segundo o proprietário, Rui não recebia nenhum valor para ir às reuniões como espécie de representante da empresa.
Jorge Everton disse ainda que a situação será averiguada pelos membros da CPI. “Nós vamos analisar junto com a comissão as providências que vamos tomar, mas deixo claro que em momento algum foi falado que o senador Mecias teve alguma vantagem indevida em relação a esse processo”, ponderou.
Cinco pessoas estavam previstas para ser ouvidas ontem, sendo dois coordenadores, o proprietário da empresa, um possível representante da companhia e a diretora do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth. Contudo, apenas a diretora não compareceu.
Durante as oitivas relacionadas ao contrato de alimentação de R$ 23,9 milhões, as testemunhas confirmaram irregularidades. Entrega de produtos vencidos, descontrole de quantitativo e atestado nas notas discais emitidas pela empresa foram as principais confirmações durante os depoimentos.
Novas oitivas devem ser realizadas nesta quarta-feira (16). Três pessoas estão previstas para ser ouvidas pelos deputados.
ENTENDA
Em setembro, um relatório apresentado pelo relator Jorge Everton pontuou irregularidades no contrato de alimentação da Sesau. No documento, recomenda-se a suspensão do contrato de alimentação. A contratação ocorreu em outubro de 2016 e resultou em mais de seis mil páginas para análise, dividas em 33 volumes.
Sobre o pedido de suspensão, a Sesau informou que foi notificada e já solicitou informações por parte da empresa. “A Secretaria ressalta que, somente após os devidos esclarecimentos por parte da empresa, é que vai tomar as medidas cabíveis sobre o caso”, enfatizou a pasta.
Informações: Roraima em Tempo