Ações no STF para suspender direitos de servidores de RR aguardam por decisão há um ano

Três ações protocoladas pelo Governo de Roraima no Supremo Tribunal Federal (STF) completaram um ano sem decisão dos ministros relatores. Todas elas pedem suspensão de direitos de servidores.

O jornal Roraima em Tempo revelou, em janeiro, que a maioria dos processos abertos pelo governador Antonio Denarium (PSL) aguardava manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) ou do próprio ministro.

EDUCAÇÃO

Uma delas, a que trata do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) dos servidores da Educação Básica de Roraima, foi enviada à PGR em abril de 2019. Desde então, não há movimento no processo. Antes de ser encaminhada, recebeu parecer favorável da Advocacia-Geral da União (AGU). O ministro relator é Luiz Fux.

Na petição à Corte, Denarium sustenta que a lei confere gratificações e direitos aos servidores da Educação sem indicar a fonte de custeio das despesas. Segundo ele, isso interfere na gestão e compromete o orçamento do Estado.

Para a AGU, os argumentos merecem prosperar, já que as emendas parlamentares acarretaram em aumento da despesa prevista no projeto original. Para o órgão, a então governadora Suely Campos (PP) buscou ajustar os gastos à previsão orçamentária.

“Verifica-se, assim, que […] as emendas parlamentares, por ampliarem as previsões originais no tocante à extensão das gratificações contempladas e a obrigatoriedade de realização de certames públicos, acarretarem efetivo aumento da despesa prevista, sem a aquiescência do Chefe do Poder Executivo local”, sustenta.

Denarium já conseguiu derrubar o reconhecimento de títulos estrangeiros concedidos aos profissionais da Educação, depois de os ministros do STF acompanhar o entendimento dele. Aproximadamente 500 professores foram prejudicados, com perda média de R$ 2 mil nos salários. Não há como recorrer da decisão.

UERR

Já a ação que busca suspender o Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR) dos servidores efetivos da área administrativa da Universidade Estadual de Roraima (UERR) também espera do procurador-geral da República desde abril do ano passado. A relatora é a ministra Rosa Weber.

Neste processo, a AGU se mostrou contrária e pediu que a solicitação não fosse acatada. “Eventual ausência de dotação orçamentária prévia em legislação específica não autorizaria a declaração de inconstitucionalidade, mas apenas impediria aplicação naquele exercício financeiro”, defenda a Advocacia-Geral.

É que na petição inicial, Denarium argumentou que a concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração só pode ser feita se houver prévia dotação orçamentária suficiente. O governador argumenta que a lei ofende o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), disposição aplicada à União.

“[…] não se aplicando aos Estados, não é possível deduzir pretensão de declaração de inconstitucionalidade de lei estadual por pretensa desconformidade com esse padrão jurídico [lei federal]. Também por essa razão, a ação não pode ser conhecida”, justifica a AGU.

O governador já conseguiu também suspender os repasses de duodécimos para a UERR, em uma ação movida na Corte.

IPVA

Denarium também aguarda pronunciamento da PGR sobre suspender o novo Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) dos servidores públicos do Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima) desde maio do ano passado. O relator é o ministro Luiz Fux.

Ele usou o mesmo argumento que em outras ações: para conceder vantagem salarial é preciso estudo financeiro. Denarium argumentou ainda que a lei causou um impacto financeiro e orçamentário “negativo, imediato, sério e contínuo”. Segundo ele, a norma poderia paralisar serviços essenciais, como Segurança e Saúde.

Neste caso, a AGU também se mostrou contrária ao pedido. “Relatório elaborado pelas Comissões em Conjunto da Assembleia Legislativa do Estado de Roraima […] atestou a existência de prévia dotação orçamentária para a realização das despesas decorrentes dos aumentos, gratificações e vantagens remuneratórias contempladas na proposição legislativa mencionada”, cita.

Informações: Roraima em Tempo – foto: Agência Braisl