Nada de orçamento para Boa Vista

Parece que a nova presidência da Câmara Municipal vai seguir a cartilha do modelo de gestão do governador Antonio Denarium (Sem Partido). Se é que o modo de agir do governador pode ser considerado como um modelo a ser seguido. Mas a Coluna explica a comparação. Genilson Costa (SD) apadrinhado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Jalser Renier (SD) conseguiu o comando da Câmara Municipal prometendo harmonia entre os poderes, mas até agora a única coisa que fez foi encontrar um tema para fazer propaganda positiva. Neste caso, o aumento de mais de 12% nos salários dos servidores da Câmara.

A QUEM INTERESSA?

A notícia é boa sim, mas para uma parcela muito pequena da população. O número de servidores beneficiados com a medida é pequeno a ponto de que o impacto desse aumento, nem será sentido no comércio local. Mas serviu de propaganda para o começo de mandato de Genilson e de outros dos seus vereadores aliados. Enquanto isso, o que é prioridade, passou longe da preocupação dos novos vereadores.

LOA

A votação da Lei Orçamentária Anual da Prefeitura é importante porque esta sim, pode trazer um impacto importante tanto na economia quanto na vida da população. Sem a LOA aprovada, a nova gestão que é comandada pelo prefeito Arthur Henrique (MDB) vai gerir a cidade, atendendo a necessidade de cerca de 70% da população, com o mesmo valor do orçamento disponibilizado no ano passado. A diferença é de aproximadamente R$ 1 milhão. Dinheiro que faz a diferença se houver novo aumento do número de casos do covid ou ainda se a fronteira for reaberta, considerando que a maior rede de serviços públicos está na capital e é mantida pela Prefeitura. Diferente do aumento dos servidores que diz respeito a uma parcela pequena da população, a LOA é importante.

MOTIVO

A dificuldade em apreciar a LOA vem desde o ano passado. Foi essa dificuldade que colocou em evidência a possível interferência de Jalser e Denarium nas decisões municipais. Há quem acredite que o motivo de tanto interesse seja a vingança pela vergonha que os dois passaram na última eleição. Denarium apoio a deputada federal Shéridan (PSBD), que nem votos para o segundo turno conseguiu. Jalser por sua vez, investiu todos os seus recursos na candidatura do deputado federal Ottaci (SD), que perdeu para Arthur com a maior diferença de votos entre candidatos registrada no segundo turno no Brasil.

JUSTIFICATIVA

Na posse, Genilson garantiu que iria contradizer o que a imprensa, de modo geral, estava falando sobre o seu grupo. Muita gente acredita que Genilson vai agir seguindo os comandos de Jalser e fazendo tudo para prejudicar a continuidade do trabalho da ex-prefeita Teresa Surita (MDB), eleita tanto por Jalser como por Denarium como sua principal opositora. O vereador, já na condição de presidente eleito, disse que a LOA seria votada após apreciação dos seis pares. Nesta quinta-feira (7), a Câmara emitiu nota para tentar justificar porque o projeto não entrou em pauta. A justificativa é que, vereadores novatos pediram a cópia integral do projeto para ler antes de votar. O documento tem mais de 200 páginas. Não há nada de errado nesse procedimento, mas o que a sociedade espera é que Genilson cumpra a sua palavra e não o seu acordo com Jalser.

FALANDO NELE

Jalser foi apresentado ao deputado federal Arthur Lira (PP), como uma das lideranças estaduais. Na visita do deputado federal ao Estado que fez parte da sua agenda para concorrer à presidência da Câmara Federal, Arthur conversou com o governador Denarium, com representantes da bancada roraimense na Câmara Federal e com Jalser. Porém, o que mais chamou a atenção na conversa foi o tema. Ao invés de falar do problema da migração, da necessidade de estabelecer medidas de controle na fronteira, ou a preocupação com as melhorias na Saúde Estadual que está um caos, ou até com a questão energética do Estado, Jalser falou do enquadramento. Todo mundo sabe que a esfera de atuação de Jalser passa bem longe de conseguir resolver algo relativo ao tema. Mas o que pareceu é que ele assumiu a postura de especialista no assunto, quase pai da criança.

SURFANDO

Esse episódio só serve para reforçar a imagem do ex-senador Romero Jucá (MDB). Quem conhece a história do enquadramento sabe que foi Jucá o verdadeiro responsável por garantir o reconhecimento desse direito. Com sua influência e capacidade de articulação, Jucá conseguiu fazer tanto a Câmara quanto o Senado e o próprio Governo Federal concordarem em reconhecer o direito de quem ajudou a construir o Estado. O trabalho de Jucá mudou a Constituição, adicionando a Emenda 98, que garante esse direito na lei magna do nosso país. Jucá trabalhou muito. E agora, todos parecem querer pegar carona no legado que ele deixou. Isso só prova que falta competência em muitos dos atuais parlamentares federais que não conseguem fazer nada de bom por Roraima.

EXEMPLO

Exemplo disso é o senador Telmário Mota (Pros) que se encaminha para (graças a Deus) encerrar o seu mandato. Foram oito anos atuando na esfera federal com a missão de buscar recursos e resolver os problemas de Roraima. Ele chegou a anunciar as obras de Tucuruí e nada aconteceu. Telmário dedicou seu mandato a gravar vídeos polêmicos. Xingou Jucá, o general Pazuello, o governador Denarium e depois se juntou com a maioria deles.

ABRAÇOU A CORRUPÇÃO

Telmário conclui seu mandato de braços dados com Jalser Renier, contrariando todo o seu discurso de ser contra a corrupção. Vale destacar que Telmário até pediu uma salva de palmas para o ex-secretário de Saúde, Francisco Monteiro. O mesmo foi apontado como responsável pela autorização de compras superfaturadas realizadas no auge da pandemia. As pessoas estavam morrendo nos corredores do Hospital Geral de Roraima por falta de material e Telmário aplaudia, um dos principais responsáveis por isso. Ligado ao tema, é impossível não registrar o vídeo em que Telmário disse que o HGR não perdia para nenhum hospital federal do Brasil. Até hoje, muita gente está tentando descobrir se a qualidade dos hospitais federais caíram tanto.

PROPAGANDA

Semelhante ao que a Câmara Municipal fez, Telmário também decidiu investir na propaganda no fim do seu mandato. Comprou um dos espaços mais caros da TV local, no intervalo do Jornal Nacional, para dizer que destinou milhões para obras de infraestrutura do Estado. Não haveria nenhum problema nisso, até porque o papel do senador é destinar recursos para o Estado que representa. O problema é que, em se tratando de Telmário Mota, ninguém sabe dizer o que ele fez de bom para o Estado em sete anos de mandato ou ainda, é quase impossível identificar uma obra realizada com recursos garantidos por Telmário. Assim, a propaganda soa como enganosa. E de fato, pouca gente acredita mais no que Telmário diz.

Informações: Roraima em Tempo – Foto: CMBV