OPINIÃO: Mil mortes e não falta de dinheiro

Juiz alertou ainda para a possibilidade de a demora resultar em ação de improbidade administrativa contra o gestor

O Estado tem orgulho em destacar os números econômicos da gestão. Houve geração de empregos, aumento na arrecadação e investimentos realizados pelo Governo Federal para dar suporte ao combate à pandemia. A prova disso está no escândalo dos respiradores. A Secretaria de Saúde pagou de forma antecipada R$ 6,4 milhões pelos equipamentos que viraram símbolo dos abusos supostamente cometidos na Sesau. Além da ação judicial que anulou a compra e garantiu a devolução do dinheiro ao Estado, o governador Antonio Denarium (sem partido) se viu pressionado a mudar novamente a gestão da Sesau. Tirou o então secretário Francisco Monteiro, que foi substituído por Olivan Júnior e, em seguida, pelo acordo firmado pela governabilidade, deixou a Sesau no comando político de Jalser Renier (SD), representado na figura de Marcelo Lopes.

COMO?

Um detalhe curioso merece destaque nessa história: a salva de palmas pedida pelo senador Telmário Mota (Pros) para o ex-secretário Monteiro na coletiva que marcou a exoneração dele. Monteiro é um dos alvos da operação realizada pela Polícia Federal para apurar se houve prática de irregularidades e desvios de recursos públicos. No relatório preliminar, a Polícia Federal afirmou que existe um conluio dentro da gestão de Denarium, onde aliados teriam facilidade para interferir e direcionar os contratos. As palmas de Telmário, que chegou a dizer na solenidade que o ex-secretário não havia cometido irregularidade, teriam relação com esse conluio? A manifestação de apoio de Telmário a Monteiro foi bem estranha e constrangedora.

FALTA GESTÃO

Com o resultado de todas as confusões que foram apontadas dentro da gestão da Saúde, com a demora em adquirir materiais e equipamentos, mesmo realizando contratos emergenciais e com dispensa de licitação, o resultado para a população segue o pior possível. Dos famosos respiradores superfaturados, nenhum de fato chegou ao Estado. O dinheiro até onde se sabe, está na conta do governo que preferiu concordar com a ideia brilhante de Jalser e permitir a privatização da Saúde. Até agora, a única coisa que mudou foi o número de vítimas da pandemia em Roraima, que deve, assustadoramente, ultrapassar nos próximos dias, o total de mil mortes. Mil famílias enlutadas, a maioria vítima da falta de responsabilidade, gestão e de respeito às pessoas que é marca do pacto pela governabilidade feito por Denarium e Jalser.

CONTRATOS MILIONÁRIOS

A cada dia surgem mais notícias escandalosas dentro da Assembleia Legislativa, que passou anos sob o comando do deputado Jalser Renier. Aluguel de dezenas de carros entregues nas mãos de cabos eleitorais, contrato de R$ 3,6 milhões para fazer a gestão documental, mas ninguém consegue explicar o que é isso, além da contratação milionária de uma gráfica de Manaus por impressos que não eram produzidos nas quantidades pagas. Existe ainda um contrato absurdo de pagamento de xerox que seria impossível de produzir e outros que são difíceis de explicar. O que o novo presidente Soldado Sampaio (PC do B) vai fazer? Será que vai dizer que não viu e assumir esses contratos milionários? Ou vai apurar tudo e cobrar a devolução do dinheiro público desperdiçado por Jalser?

Informações: Roraima em Tempo