Sem medicamentos, HGR inicia reforma de bloco e transfere pacientes para outra unidade

Servidor relatou que antialérgicos são usados para amenizar quadro de pacientes com convulsão (Foto: Josué Ferreira)

Servidores denunciaram na última sexta-feira (2) que pacientes internados no Bloco A do Hospital Geral de Roraima (HGR) foram remanejados para outra unidade de saúde devido a uma reforma iniciada no setor. Quase 60 pacientes estavam internados no bloco.

“Vão simplesmente tirar os pacientes do bloco que está lotadíssimo para mandar para algum hospital particular, porque o Hospital de Retaguarda não tem capacidade para suportar os pacientes”, explicou.

Por nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) confirmou o remanejamento, mas garantiu que os pacientes serão levados para o Hospital de Retaguarda, antigo Hospital de Campanha de Roraima, que hoje é gerido pela iniciativa privada.

Um servidor questionou à reportagem a reforma em meio à pandemia e contestou a necessidade, já que não tem medicamentos no HGR, unidade referência para casos graves de coronavírus. No total, cerca de cinco medicamentos que são utilizados no tratamento de pacientes com Covid-19 estão em falta.

“Estão usando antialérgicos em pacientes que convulsionam por falta de diazepam. Quando não tem dexametasona, eles passam hidrocortisona, mas também está em falta. Daí, pedem para comprar comprimidos que não têm efeito como os injetáveis”, relatou.

Segundo outro funcionário, também estão em falta sondas para alimentação e material para medir a glicose. “Fora os sedativos… Aí vem o impasse, os familiares vão atrás de medicamentos sem prescrição médica e depois é crime”, argumentou.

O jornal Roraima em Tempo mostrou caso de familiares que viajaram até Manaus em busca de insumos que estavam em falta no HGR. As compras eram feitas sem receita médica e com dificuldades, pois os medicamentos não são vendidos em farmácias convencionais.

Nessa quarta-feira (31), mesmo dia que a reportagem foi publicada, o governador Antonio Denarium (sem partido), informou através de redes sociais que pacientes podem ter ressarcimento de valor usado para comprar remédios mediante apresentação de nota fiscal.

Segundo a Sesau, os familiares têm direito ao ressarcimento do valor gasto com a compra de qualquer medicamento que não esteja disponível na unidade no momento do atendimento.

CITADA

A Direção do HGR informa que os pacientes do Bloco A estão sendo transferidos para o Hospital Estadual de retaguarda, antigo Hospital de Campanha, que tem a estrutura necessária para atendê-los.

Todos os leitos têm suporte ventilatório, respirador, monitor, serviço médico-hospitalar, serviço de fisioterapia com ventilação não invasiva, farmácia, oxigênio, conforto médico, conforto de enfermagem, ambiente climatizado e integrado ao HGR, que é a unidade referência para o tratamento da Covid-19 no Estado.

O Bloco E está em fase de conclusão, com previsão de término ainda neste primeiro semestre. O atendimento no anexo não será para pacientes com covid-19.

Em relação aos medicamentos mencionados, a secretaria informa que o HGR está com estoque de Clexane e Diazepam abastecido. Dentre os corticoides (Dexametasona, Prednisolona, Prednisona, Hidrocortisona), só está em falta Dexametasona, e a previsão de chegada deste medicamento ao Estado é na próxima terça-feira, dia 6.

Ressalta que, com o avanço da segunda onda da Covid-19 no Brasil, todos os estados registram aumento do consumo de insumos hospitalares e de remédios. Diante desse quadro, todos os esforços estão sendo empreendidos para garantir o melhor atendimento e manter o conforto dos pacientes.

Informações: Roraima em Tempo