Justiça ordena que União envie policiais para comunidade Yanomami alvo de confrontos em RR

Forças de segurança devem atuar de forma permanente para evitar novos confrontos e garantir a segurança da população local (Foto: Divulgação)

A Justiça ordenou que a União envie, em 24 horas, um efetivo policial para proteger a comunidade Palimiú, na Terra Indígena Yanomami, alvo de conflitos armados nesta semana. A informação foi repassada pelo Ministério Público Federal (MPF), autor do pedido, nesta quinta-feira (13).

Segundo o órgão, as forças de segurança devem atuar de forma permanente para evitar novos confrontos e garantir a segurança da população local. Caso a medida não seja acatada, o MPF pediu aplicação de multa. O valor não foi informado. Estima-se que na reserva vivam 30 mil indígenas.

Na decisão, foi determinado ainda que a Fundação Nacional do Índio (Funai) auxilie a tropa no contato com os Yanomami e no gerenciamento das relações interculturais.

Em julho do ano passado, a Justiça Federal já havia determinado que um plano para retirada dos invasores fosse implementado pela União, entendimento reforçado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) neste ano. Contudo, até o momento, não houve ações efetivas para cumprimento das decisões.

CONFLITOS

No início desta semana, sete embarcações de garimpeiros atacaram a comunidade. Os barcos, segundo a Funai, chegaram por volta de 11h de segunda-feira (10) e os homens iniciaram o confronto, que resultou em cinco pessoas feridas, sendo um indígena e quatro garimpeiros.

A Polícia Federal enviou agentes para verificar a situação na terça-feira (11), mas foi alvo de disparos de armas de fogo por parte dos garimpeiros. Os policiais revidaram o ataque e houve intensa troca de tiros. Indígenas relataram à reportagem “pânico e medo”.

Por conta da situação na comunidade, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) cobrou do ministro Luís Roberto Barroso a retirada urgente de garimpeiros da Terra Yanomami, para evitar genocídio por doenças, como malária e o coronavírus, e novos conflitos com armas de fogo. Ainda não há decisão.

Ontem, centenas de garimpeiros protestaram no Centro Cívico de Boa Vista e negaram os conflitos. Segundo o presidente da Associação dos Garimpeiros Independentes (AGIRR), Cleiton Alves, a categoria tem sido “criminalizada e marginalizada”, devido ao que classificou como manipulação de Organizações não Governamentais (ONGs).

A exploração mineral é ilegal, alvo de manifestações e críticas das comunidades indígenas há décadas. Estima-se que na Terra Yanomami existam 20 mil garimpeiros.

Informações: Roraima em Tempo