Telmário critica indígenas e pede ao presidente Bolsonaro “exploração de riquezas naturais” de Roraima

Parlamentar acredita que falta de incentivos para exploração de riquezas naturais do estado está ligada ao conflito de garimpeiros e indígenas (Foto: Agência Senado)

O senador Telmário Mota (Pros) divulgou um vídeo nesta terça-feira (18) para criticar indígenas e apelar ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para que “explore riquezas naturais” de Roraima, como forma de evitar o desemprego e apaziguar conflitos entre garimpeiros e indígenas no Rio Uraricoera, em Alto Alegre.

Na semana passada, Telmário já havia sinalizado alinhamento com o presidente em pronunciamento na CPI da Covid. Ele defendeu tratamento precoce contra o coronavírus não comprovado cientificamente e argumentou que Bolsonaro é perseguido sem justificativas plausíveis.

Agora, o senador cobrou do presidente o repasse de glebas da União para o governo estadual e a continuação do Linhão de Tucuruí, obra paralisada desde 2011. Nas imagens, ele disse que o povo está desempregado, passa fome, se mata, e as emendas parlamentares não servem, pois são paliativas.

“Roraima tem crises mais profundas, que são gargalos. Nós temos que destravar as 14 glebas que falta a União passar para o estado. Também precisamos passar o linhão de Tucuruí. Não tem explicação. O Waimiri-Atroari tem dentro de sua reserva uma mineradora e não deixa passar pela BR-174 a energia”, disse.

Para o senador, existe uma ligação entre a falta de maior exploração de riquezas naturais do estado e os conflitos entre garimpeiros que atuam no Rio Uraricoera, no município de Alto Alegre, e indígenas da comunidade Palimiú.

Ele explica que, se a exploração de riquezas naturais fosse incentivada e legalizada, a empregabilidade no estado impediria que garimpeiros e indígenas brigassem. O discurso se afasta dos posicionamentos que o senador adotou nos últimos anos de mandato, quando defendia as pautas indígenas.

O Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) estima que mais de 20 mil garimpeiros estão na Terra Indígena Yanomami. Além da violência, a atividade ilegal também gera desmatamento e contaminação de rios com mercúrio, substância que já matou crianças, conforme o Roraima em Tempo mostrou em reportagem de 2017.

“Em toda a Amazônia legal, se explora essa riqueza natural. E Roraima não pode nada. Sabe qual o resultado disso? São 20 mil pais de família brigando com os povos indígenas. E o culpado não são eles, somos nós, o sistema”, falou.

No dia 22 de março, a reportagem revelou que o contrato para a implementação da linha energética foi anulado pela Justiça Federal do Distrito Federal, já que a União não tem prazo para conseguir as licenças ambientais e o valor da construção está defasado.

Em abril, o presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara de Deputados, Édio Lopes (PL), afirmou que não há interesse do Bolsonaro em construir o Linhão de Tucuruí.

O presidente esteve em Roraima em 2017, se anunciou candidato à presidência da República, e fez do Linhão de Tucuruí uma das principais promessas para o povo roraimense em comício realizado em Boa Vista.

Para Édio, falta responsabilidade do presidente para assumir as promessas de campanha. “O Brasil tem uma dívida com Roraima e o mandatário do momento é o presidente Bolsonaro. Então, essa dívida está na conta dele”, declarou.

ALINHAMENTO

Além do governo federal, Telmário também se aproximou de Antonio Denarium (sem partido). Isso ficou evidenciado na semana passada, após ataques dele direcionados a vereadores da Câmara de Mucajaí críticos à gestão estadual nas áreas da Saúde e Segurança.

Outro exemplo foi em fevereiro de 2019, logo após Denarium assumir o governo. O parlamentar gravou vídeos em frente ao Palácio Senador Hélio Campos e fez duras críticas ao governador, alegando que não o deixaria “roubar” o dinheiro público. À época, acusou a gestão de criar manobras para contratar empresas do Amazonas.

Contudo, em outubro de 2019, recuou e disse que Denarium conquistou a simpatia dele. “O governador sentou com essa característica dele, de muita humildade, e fez exposição de tudo que já fez no estado, está por fazer. Confesso que, hoje, conquistou mais ainda a minha simpatia e a vontade de trabalhar com ele”, comentou.

Informações: Roraima em Tempo