O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pediu à CPI da Covid que convoque para depor os ex-secretários da Saúde de Roraima Marcelo Lopes, Coronel Olivan Júnior e Francisco Monteiro. Os requerimentos foram protocolados na última sexta-feira (11).
Vieira justificou que são necessárias as explicações dos ex-gestores sobre a atuação na Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) no período em que comandaram a Pasta, “especialmente sobre o uso dos recursos públicos federais destinados ao combate à Covid, prestando informações sobre operações e investigações no Estado”.
Semana passada a reportagem mostrou que documentos do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) foram enviados à comissão, e revelam justificativas como a “lei da oferta e da demanda” para compras superfaturadas.
O objetivo da CPI da Covid é entender as operações policiais contra desvios de recursos para combater a pandemia nos estados, e se houve omissão por parte do Governo Federal no enfrentamento à doença, e negligência na compra de vacinas.
O ex-secretário Olivan Júnior disse estar “surpreso” e que não sabia do pedido de convocação. “Ainda não recebi essa notícia. Vou aguardar”, resumiu. Marcelo Lopes informou não saber o teor do requerimento, “mas caso seja aprovado comparecerei sim, com certeza”. A reportagem não conseguiu contato com Monteiro.
GESTÃO
Francisco Monteiro foi nomeado secretário em fevereiro do ano passado, depois da queda de Allan Garcês. Ele é apontado pela Polícia Federal como peça-chave em esquemas de desvios de recursos da Saúde. Monteiro foi exonerado do cargo após autorizar pagamento de R$ 6,4 milhões por 30 respiradores.
Olivan Júnior assumiu a Sesau em maio de 2020 depois da denúncia superfaturada de respiradores. Ele deixou a gestão após crise interna no governo de Antonio Denarium (sem partido), que resultou também na saída de Disney Mesquita da Casa Civil, braço direito do governador.
O militar chegou a sugerir que Denarium pedisse uma intervenção federal na Secretaria de Saúde para melhorar o atendimento nas unidades do Estado, o que não foi acatado pelo gestor.
A ida de Olivan para a Saúde foi uma tentativa do governador de melhorar a situação da Pasta. À época, diversas denúncias de compras superfaturadas passaram a ser apuradas pela CPI da Saúde, e o governo não conseguia cumprir parte do acordo para abrir o Hospital de Campanha.
Já Marcelo Lopes foi o secretário que ficou mais tempo à frente da gestão da saúde. Ele deixou a função em meio às denúncias de falta de médicos, medicamentos e insumos nos hospitais. Lopes ficou entre junho e 2020 e abril de 2021, período que compreende a maior parte das ações de enfrentamento à pandemia.
Além de Júnior, Lopes e Monteiro, o senador pediu a convocação do atual secretário Airton Cascavel para explicar a aplicação de recursos de combate à Covid-19. Cascavel já teve oitiva aprovada pelo Senado, mas para esclarecer fatos relacionados ao tempo em que foi assessor especial no Ministério da Saúde, na gestão de Eduardo Pazuello.
No total, já passaram pela Secretaria de Saúde de Roraima oito nomes: Airton Wanderley, Élcio Franco (que já prestou depoimento à CPI da Covid), Cecília Lorenzom, Allan Garcês, Francisco Monteiro, Coronel Olivan Júnior, Marcelo Lopes, e, por último, Airton Cascavel.
OPERAÇÃO
Denarium também foi convocado para depor aos senadores, já que em Roraima foi feita a Operação Desvid-19, que apura desvios de R$ 20 milhões de recursos da pandemia. Em outubro do ano passado, o senador Chico Rodrigues, suspeito de participar das fraudes, foi flagrado com R$ 33 mil na cueca.
Conforme a Polícia Federal (PF), os parlamentares destinavam emendas à Saúde, mas, por meio de interlocutores, direcionavam as verbas para empresas com as quais tinham afinidade. Uma delas tentou transportar insumos em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), por intermédio de Chico, mas não conseguiu.
São citados nas investigações os senadores Mecias de Jesus (Republicanos), Telmário Mota (Pros), o deputado federal Jhonatan de Jesus (Republicanos), o deputado estadual Jeferson Alves (PTB), e o ex-vereador Rômulo Amorim. O inquérito tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) devido ao foro privilegiado de alguns parlamentares.
Informações: Roraima em Tempo