O Partido Social Liberal (PSL) apresentou nessa terça-feira (5) na Assembleia Legislativa de Roraima (Ale-RR) um pedido de cassação do mandato do deputado estadual Jalser Renier (SD), preso na última sexta-feira (1º) suspeito de ser o mandante do sequestro do jornalista Romano dos Anjos, em outubro de 2020.
A solicitação foi apresentada pelo presidente regional do partido, deputado federal Antonio Nicolleti (PSL), acompanhado do advogado Alex Ladislau.
No pedido, o PSL afirma que Jalser Renier “quebrou o decoro parlamentar e causa grave prejuízo a imagem do Poder Legislativo de Roraima”, tanto pela suspeita de ser mandante do sequestro, como por outros crimes atribuídos a ele, sendo organização criminosa, violação de sigilo funcional, peculato, exercício ilegal da profissão, obstrução de investigação e lavagem de dinheiro.
Ainda na representação, o partido pede tutela antecipada para afastamento imediato de Jalser Renier, do mandato de deputado estadual, até que se julgue o mérito do pedido de cassação.
Segundo a Ale-RR, após a leitura no plenário, o pedido de cassação será analisado pela presidência da Casa, que verificará se a representação preenche os requisitos mínimos de admissibilidade.
Informou ainda que caso seja acatado pelo presidente, o pedido será encaminhada à Comissão de Ética para instrução e processamento de apuração dos fatos. Ao final, a comissão deverá apresentar relatório, que será submetido a discussão e votação pelo Plenário da Casa.
Nessa segunda-feira (5) Ale-RR decidiu manter a prisão do deputado estadual Jalser Renier. Todos os 17 parlamentares presentes na sessão extraordinária, acompanharam o voto do relator nomeado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Coronel Chagas (PRTB).
Ao fim da sessão extraordinária, o presidente da Casa, Soldado Sampaio (PCdoB), informou à Rede Amazônica que a Ale-RR precisa ser “provocada para que haja a abertura do processo de cassação”.
“Nosso regimento tem as previsões, as motivações de cassação de quebra de decoro, mas tudo isso está de acordo com nosso regimento. Naturalmente, a Casa vai tratar qualquer provocação nesse sentido de acordo com o nosso regimento”.
O deputado estadual Coronel Chagas (PRTB), relator do processo, também ao fim da sessão, informou que, até aquele momento, não havia solicitações de cassação para dar início ao processo.
“A Comissão de Ética age provocada, então, até o momento, não foi protocolada nenhuma representação contra o deputado Jalser na Comissão de Ética. Caso venha a acontecer, evidentemente vamos adotar as medidas no âmbito da competência e da missão atribuída no regimento interno nessa importante comissão da Casa”.
Operação Pulitzer
No dia 16 de setembro, seis policiais militares, entre eles um coronel, e mais um ex-servidor da Ale-RR foram presos na operação Pulitzer por suspeita de envolvimento no sequestro do jornalista Romano dos Anjos. A ação foi executada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Roraima e a Secretaria de Segurança Pública (Sesp).
Em 25 de setembro, o g1 noticiou que o delegado-geral da Polícia Civil de Roraima, Herbert Amorim Cardoso, tentou interferir nas investigações sobre o sequestro do jornalista Romano dos Anjos. A informação foi citada em trecho da representação do delegado João Luiz Evangelista.
No dia 23 de setembro, durante sessão plenária, o presidente da Ale-RR, Soldado Sampaio (PCdoB), afirmou que Jalser ameaçou o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), para que barrasse as investigações sobre o sequestro. A ameaça foi posteriormente confirmada ao g1 pelo governador. Sampaio prestou depoimento formal ao Ministério Público sobre a declaração.
‘Mandante de sequestro’
Jalser Renier foi apontando pelo delegado João Evangelista como mandante do sequestro do jornalista Romano dos Anjos. O crime foi em outubro de 2020, em Boa Vista.
O delegado afirma que “como mandante, a apuração identificou indícios do envolvimento do deputado estadual JALSER RENIER, Presidente da ALE/RR à época dos fatos”.
As apurações preliminares sobre o sequestro e tortura do jornalista apontaram para provável crime “motivado por vingança ou represália ao modo de atuação jornalística, tendo em vista que a vítima realizou diversos ataques e críticas ao trabalho do então presidente da Assembleia Legislativa, Jalser Renier.”
“Conforme levantamentos realizados em redes sociais, arquivos da imprensa e registros da mídia em geral, Romano dos Anjos tornou-se uma ‘pedra no sapato’ do parlamentar estadual Jalser Renier e as críticas do jornalista se acentuaram no período de setembro e outubro de 2020, em programas de rádio e tv”, diz trecho do inquérito.
No inquérito, o delegado afirma que Jalser Renier também liderava uma organização criminosa dentro da Assembleia Legislativa, com participação, em grande parte, de policiais militares conhecedores de técnicas policiais e de inteligência policiais. Eles eram lotados na Casa.
Informações: G1 Roraima