O Ministério Público de Roraima (MPRR) denunciou o deputado Jalser Renier (Solidariedade) por oito crimes (veja lista abaixo) no processo sobre o sequestro do jornalista Romano dos Anjos, ocorrido em outubro do ano passado.
O documento, obtido pela Rede Amazônica, é assinado pela procuradora-geral Janaína Carneiro Costa e pelos promotores Isaias Montanari Junior e André Nova. A denúncia foi apresentada à Justiça no dia 28 de setembro.
O MPRR aponta que Jalser, enquanto presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (Ale-RR), seria o idealizador, criador e responsável por uma organização criminosa formada dentro da Casa, para a prática de diversos crimes, tendo como membros policiais militares lotados no órgão legislativo.
A defesa do parlamentar disse que a denúncia “é abusiva e sustenta sem o mínimo de provas, acusações falsas contra o Deputado Jalser” (leia a íntegra do fim da reportagem). Procurada, a Ale-RR ainda não se manifestou.
Na denúncia, o MPRR afirma que Jalser ainda teria tentado embaraçar as investigações, utilizando-se do cargo de presidente da Ale-RR para ameaçar e intimidar o governador Antônio Denarium (PP), além de pedir ao delegado-geral da Polícia Civil para que interferisse na Força Tarefa criada para investigar o sequestro.
A ameaça ao governador foi divulgada no dia 23 de setembro, durante sessão plenária, pelo presidente da Ale-RR, Soldado Sampaio (PCdoB). Posteriormente, o fato foi confirmado ao g1 pelo governador Antonio Denarium. Sampaio prestou depoimento formal ao Ministério Público sobre a declaração.
“Estes fatos reforçam a periculosidade do deputado JALSER: além de utilizar o poder e o prestígio do cargo eletivo para determinar que seus subordinados de confiança praticassem delitos contra seus inimigos, incluindo colegas deputados, a ousadia criminosa é tamanha que ele intimidou e ameaçou o próprio Governador do Estado!”, diz trecho da denúncia.
Conforme o MPRR, Jalser é suspeito pelos seguintes crimes:
- Violação de domicílio qualificado;
- Cárcere privado e sequestro qualificado;
- Roubo majorado;
- Dano qualificado;
- Constituição de milícia privada;
- Organização criminosa;
- Tortura-castigo qualificada;
- Obstrução da justiça.
Além do parlamentar, os oito crimes também foram apontados aos presos na Operação Pulitzer:
- Coronel Natanael Felipe de Oliveira Júnior;
- Coronel Moisés Granjeiro de Carvalho;
- Tenente-coronel Paulo Cezar de Lima Gomes;
- Major Vilson Carlos Pereira Araújo;
- Subtenente Clóvis Romero Magalhães Souza;
- Subtenente Nadson José Carvalho Nunes;
- Sargento Gregory Thomas Brashe Júnior;
- Soldado Thiago de Oliveira Cavalcante Teles;
- Ex-servidor da Ale-RR Luciano Benedicto Valério.
O sargento Bruno Inforzato de Oliveira Gomes foi denunciado apenas por obstrução de Justiça. O g1 entrou contato com a defesa dos militares e do ex-servidor, mas não teve resposta.
Para o MPRR, os crimes foram “cuidadosamente planejados e executados com a consciência dos denunciados”. Além da condenação, a denúncia pede o ressarcimento das perdas materiais das vítimas, e a perda do cargo e função pública de todos os envolvidos.
Os crimes foram cuidadosamente planejados e executados com a consciência dos denunciados a respeito de cada uma e de todas as etapas. Portanto, o dolo de agir abrangia o conjunto de crimes denunciados e todos por eles respondem”, diz outro trecho da denúncia.
Operação Pulitzer
No dia 16 de setembro, seis policiais militares, entre eles um coronel, e mais um ex-servidor da Ale-RR foram presos na primeira fase da operação Pulitzer por suspeita de envolvimento no sequestro do jornalista Romano dos Anjos. A ação foi executada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Roraima e a Secretaria de Segurança Pública (Sesp).
Em 25 de setembro, o g1 noticiou que o delegado-geral da Polícia Civil de Roraima, Herbert Amorim Cardoso, tentou interferir nas investigações sobre o sequestro do jornalista Romano dos Anjos. A informação foi citada em trecho da representação do delegado João Luiz Evangelista.
No dia 30 de setembro, a Corregedoria da Polícia Civil abriu processo administrativo disciplinar contra o delegado-geral Herbert de Amorim e o delegado-adjunto Eduardo Wainer para apurar a suposta interferência no caso.
Em 1º de outubro, Jalser foi preso na segunda fase da Operação Pulitzer. A ação também prendeu mais dois coronéis e um major da Polícia Militar. No dia 5, o deputado conseguiu um habeas corpus parcial que relaxou a prisão.
Informações: G1 Roraima