CASO ROMANO DOS ANJOS – Jalser Renier é denunciado pelo MPRR por oito crimes

Parlamentar é suspeito de ordenar sequestro de jornalista em 2020

O Ministério Público de Roraima (MPRR) denunciou o deputado Jalser Renier (Solidariedade) por oito crimes (veja lista abaixo) no processo sobre o sequestro do jornalista Romano dos Anjos, ocorrido em outubro do ano passado.

O documento, obtido pela Rede Amazônica, é assinado pela procuradora-geral Janaína Carneiro Costa e pelos promotores Isaias Montanari Junior e André Nova. A denúncia foi apresentada à Justiça no dia 28 de setembro.

O MPRR aponta que Jalser, enquanto presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (Ale-RR), seria o idealizador, criador e responsável por uma organização criminosa formada dentro da Casa, para a prática de diversos crimes, tendo como membros policiais militares lotados no órgão legislativo.

A defesa do parlamentar disse que a denúncia “é abusiva e sustenta sem o mínimo de provas, acusações falsas contra o Deputado Jalser” (leia a íntegra do fim da reportagem). Procurada, a Ale-RR ainda não se manifestou.

Na denúncia, o MPRR afirma que Jalser ainda teria tentado embaraçar as investigações, utilizando-se do cargo de presidente da Ale-RR para ameaçar e intimidar o governador Antônio Denarium (PP), além de pedir ao delegado-geral da Polícia Civil para que interferisse na Força Tarefa criada para investigar o sequestro.

A ameaça ao governador foi divulgada no dia 23 de setembro, durante sessão plenária, pelo presidente da Ale-RR, Soldado Sampaio (PCdoB). Posteriormente, o fato foi confirmado ao g1 pelo governador Antonio Denarium. Sampaio prestou depoimento formal ao Ministério Público sobre a declaração.

“Estes fatos reforçam a periculosidade do deputado JALSER: além de utilizar o poder e o prestígio do cargo eletivo para determinar que seus subordinados de confiança praticassem delitos contra seus inimigos, incluindo colegas deputados, a ousadia criminosa é tamanha que ele intimidou e ameaçou o próprio Governador do Estado!”, diz trecho da denúncia.

Conforme o MPRR, Jalser é suspeito pelos seguintes crimes:

  • Violação de domicílio qualificado;
  • Cárcere privado e sequestro qualificado;
  • Roubo majorado;
  • Dano qualificado;
  • Constituição de milícia privada;
  • Organização criminosa;
  • Tortura-castigo qualificada;
  • Obstrução da justiça.

Além do parlamentar, os oito crimes também foram apontados aos presos na Operação Pulitzer:

  • Coronel Natanael Felipe de Oliveira Júnior;
  • Coronel Moisés Granjeiro de Carvalho;
  • Tenente-coronel Paulo Cezar de Lima Gomes;
  • Major Vilson Carlos Pereira Araújo;
  • Subtenente Clóvis Romero Magalhães Souza;
  • Subtenente Nadson José Carvalho Nunes;
  • Sargento Gregory Thomas Brashe Júnior;
  • Soldado Thiago de Oliveira Cavalcante Teles;
  • Ex-servidor da Ale-RR Luciano Benedicto Valério.

O sargento Bruno Inforzato de Oliveira Gomes foi denunciado apenas por obstrução de Justiça. O g1 entrou contato com a defesa dos militares e do ex-servidor, mas não teve resposta.

Para o MPRR, os crimes foram “cuidadosamente planejados e executados com a consciência dos denunciados”. Além da condenação, a denúncia pede o ressarcimento das perdas materiais das vítimas, e a perda do cargo e função pública de todos os envolvidos.

Os crimes foram cuidadosamente planejados e executados com a consciência dos denunciados a respeito de cada uma e de todas as etapas. Portanto, o dolo de agir abrangia o conjunto de crimes denunciados e todos por eles respondem”, diz outro trecho da denúncia.

Operação Pulitzer

No dia 16 de setembro, seis policiais militares, entre eles um coronel, e mais um ex-servidor da Ale-RR foram presos na primeira fase da operação Pulitzer por suspeita de envolvimento no sequestro do jornalista Romano dos Anjos. A ação foi executada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Roraima e a Secretaria de Segurança Pública (Sesp).

Em 25 de setembro, o g1 noticiou que o delegado-geral da Polícia Civil de Roraima, Herbert Amorim Cardoso, tentou interferir nas investigações sobre o sequestro do jornalista Romano dos Anjos. A informação foi citada em trecho da representação do delegado João Luiz Evangelista.

No dia 30 de setembro, a Corregedoria da Polícia Civil abriu processo administrativo disciplinar contra o delegado-geral Herbert de Amorim e o delegado-adjunto Eduardo Wainer para apurar a suposta interferência no caso.

Em 1º de outubro, Jalser foi preso na segunda fase da Operação Pulitzer. A ação também prendeu mais dois coronéis e um major da Polícia Militar. No dia 5, o deputado conseguiu um habeas corpus parcial que relaxou a prisão.

Informações: G1 Roraima