Seis meses após anúncio de reforma, obras da Maternidade continuam abandonadas pelo Governo

Imagens enviadas por um cidadão anônimo ao Boa Vista Já mostram o canteiro de obras da maternidade sem qualquer trabalhador

O que deveria ser um complexo de amparo às gestantes de todo o Estado, a Maternidade Nossa Senhora de Nazareth sempre foi motivo de caos e indignação. Para tentar contornar as denúncias constantes de abandono e descaso, o Governo anunciou há seis meses a reforma e ampliação do prédio. Porém, a obra segue parada, deixando as pacientes para serem atendidas em um local improvisado no Hospital de Campanha.

Imagens enviadas por um cidadão anônimo ao Boa Vista Já mostram o canteiro de obras da maternidade sem qualquer trabalhador. E isso, segundo o denunciante, assim tem sido por semanas. Ou seja: vai demorar para as gestantes de Roraima, das comunidades indígenas e até dos países vizinhos, como Venezuela e Guiana, receberem um atendimento de qualidade, se depender do atual governo.

Enquanto isso, a maternidade improvisada no Hospital de Campanha, localizada na avenida Brasil, é o único local para atender as gestantes. O espaço já foi “condenado” pelo Ministério Público de Roraima, que nesta semana emitiu ofício à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) para cobrar providências sobre falta de medicamentos e insumos.

Segundo o promotor de Saúde, Igor Naves, a situação é preocupante, sendo que o problema está comprometendo seriamente os procedimentos cirúrgicos e os cuidados diários aos pacientes. O MPRR deu o prazo de 48 h para que o Governo responda o ofício. Mas a falta de medicamentos é só um dos muitos problemas que a unidade de saúde possue.

Em setembro, pacientes denunciaram que uma central de ar-condicionado não funcionava, deixando todos no calor. Em julho, o hospital ainda suspendeu todas as cesáreas alegando que não tinha insumos. Na mesma época, o Ministério Público de Roraima (MPRR) precisou intervir na situação.

As denúncias de descaso na maternidade não param. Neste fim de semana, uma jovem de 21 anos denunciou que aguardava há três mais de dias por uma cesariana, as que o procedimento não poderia ser feito. A única coisa que fizeram foi medir a pressão e escutar o coração da bebê.

Fora os pacientes, funcionários de uma empresa terceirizada que presta serviços à Saúde também têm muito o que reclamar, principalmente no que diz respeito a atraso de salários, chegando há mais de quatro meses. Tais atrasos ocorreram em meio aos pagamentos de “supersalários” a médicos da Sesau, entre abril e setembro de 2021. Ou seja: recurso não faltava para honrar os compromissos com os trabalhadores.

Abandono – Vale lembrar que, conforme denunciado na última sexta-feira (10) aqui no Boa Vista Já, o atual governo tem um histórico de obras inacabadas. Assim como ocorreu com a maternidade, foi anunciada a revitalização do Parque Anauá, em que algumas estruturas seriam “salvas” da deterioração e do colapso, como o Museu Integrado, o Parque Aquático e o Ginásio Totozão. Porém, até agora, nada foi feito.