Governo não investiu em UTI na maternidade e grávidas morrem de COVID por falta assistência adequada

Sem uma infraestrutura adequada, gestantes de Roraima estão exposta a uma série de males que representam risco à vida

Em Roraima, 48,39% das grávidas infectadas pelo coronavírus morreram, segundo levantamento do Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19. Além disso, o estado tem a maior taxa de letalidade do vírus em gestantes de todo o país. Em número reais, , morreram 24 das 57 gestantes com covid-19.

Esse quadro poderia ter sido diferente se o Governo tivesse investido na saúde e criado uma UTI para atender as mulheres grávidas no HGR ou mesmo no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, a única maternidade do Estado, o que em três anos da atual gestão estadual, jamais foi feito para resolver esse problema, nem mesmo em dois anos de pandemia.

O Manual de Recomendações para a Assistência à Gestante e Puérpera do Ministério da Saúde orienta que as gestantes com sintomas de Covid-19 devem ser devidamente avaliadas e monitoradas. Aquelas com sintomas leves devem buscar atendimento na atenção básica e ficar em isolamento domiciliar. Porém, no caso de sintomas moderados e graves, é preciso especializado, necessitando de internação.

Atualmente, a maternidade funciona em local improvisado, ao lado do Hospital de Campanha, que tratou casos da Covid-19 na capital. Isto, porque o prédio passa por reformas. Antes, o local sofria constantes denúncias por sua estrutura precária, o que por si só já serviria de sinal de alerta ao Governo para tomar alguma medida.

Entre as denúncias veiculadas na mídia local e aqui no Boa Vista Já estão as péssimas condições dos alojamentos, equipamentos deteriorados, pacientes dormindo no calor (devido a centrais de ar estarem quebradas), falta de material hospitalar básico e até de profissionais para atender dignamente mães e seus bebês. Mas tratos por parte de servidores também foram registradas.

Porém, tardiamente foi iniciada uma reforma no prédio, após três anos de mandato do atual governador. Enquanto isso, as grávidas, bebês e familiares amargaram em prédio caindo aos pedaços e totalmente abandonado. Todo esse quadro teve grande peso e impacto nas mortes que foram registradas no Estado, segundo o levantamento do Observatório Obstétrico.

Rosilane Costa Soares, de 23 anos, foi uma dessas vidas perdidas devido às condições precárias da saúde estadual. Grávida de 40 semanas e infectada pelo coronavírus, ela morreu em 15 de julho de 2021, após quase três semanas internada no HGR. Lá, o remédio necessário, a Polimixina B, estava em falta. A família pediu ajuda, conseguiu juntar dinheiro, mas não teve para medicá-la.

Depois de os sintomas se agravarem, ela passou por cesariana e em seguida foi encaminhada ao HGR. A família iniciou campanha para conseguir doações do medicamento e também para arrecadar fundos para comprar a quantidade necessária para o tratamento.

O caos na saúde segue sem solução, até o momento. Alguns médicos alegam que a maternidade não tem capacidade para atender as mulheres no pior momento de crise, sendo necessário mais investimentos do governo na ampliação do atendimento.

Em sua defesa, o governo alega que tem prestado assistência médica desde o primeiro momento em que foi colocado em prática o Plano de Contingência para o enfrentamento da pandemia.